A história foi contada pelo próprio Carlos Queiroz ao Observador, na antecâmara da estreia no Campeonato do Mundo de 2022 em que se tornaria o primeiro selecionador a marcar presença em fase finais disputadas em quatro continentes diferentes: na altura em que aceitou o projeto do Irão em 2011, recebeu o primeiro contacto quando estava em Doha a negociar com os dirigentes do Qatar. Mais de uma década depois, esse convite voltou e o epílogo foi diferente, com o português a assumir agora a seleção do país.

“Antes de abraçar o projeto do Irão, estava em Doha em negociações com a própria Federação do Qatar e o que estava em cima da mesa era a realização de um Mundial aqui na Ásia, no Qatar. Eram projetos com esse sonho, com essa ideia, que me levaram a estar aqui em conversações com a Federação e com o príncipe. Vale a pena dizer e recordar, porque as pessoas às vezes têm memória curta, que este Mundial acontece em 2022 depois de uma tragédia universal sem precedentes que foi a crise da Covid-19. Tenho algumas dúvidas, quase certezas, que se a decisão do Mundial não tivesse sido no Qatar este Mundial não teria sido possível acontecer agora. Isso foi devido ao empenho e às soluções que o Qatar pôs em prática que permitiram que se realizasse. Em qualquer outro país, tinha sido em 2023 ou 2024 ou cancelado”, referiu.

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E a celeridade de todo o processo, apesar da demora na apresentação oficial do técnico que estava há muito delineada mas presa por pormenores, acabou por ser a chave para as negociações chegarem a bom porto: poucos dias depois da eliminação do Irão e do Qatar da fase final do Mundial, os responsáveis do país organizador entraram em contacto com o português, convidaram-no para assistir no Estádio Lusail à final da competição entre Argentina e França e deram os passos que seriam decisivos para um final distinto daquele que tinha acontecido em 2011. Além do Qatar, Queiroz tinha em mãos uma proposta de renovação por parte do Irão (com vários jogadores a pedirem por tudo, a título pessoal, para permanecer) e ainda uma outra oferta de uma seleção asiática que queria preparar a qualificação para o Mundial de 2026.

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O treinador português que faz em março 70 anos vai assumir a sétima seleção da carreira, depois de Portugal (primeiro nos Sub-20, mais tarde no conjunto A), EAU, África do Sul, Irão, Colômbia e Egito. Além desses percursos, que lhe possibilitaram marcar presença em quatro fases finais de Mundiais noutros tantos continentes (África em 2010 com Portugal, América do Sul em 2014, Europa em 2018 e Ásia em 2022 com Irão), Queiroz treinou o Sporting, o New York MetroStars (EUA), o Nagoya Grampus Eight (Japão) e o Real Madrid (Espanha), sendo ainda em dois períodos adjunto de Alex Ferguson no Manchester United.