A Galp assinou um acordo com a Somoil, Sociedade Petrolífera Angolana para a venda dos ativos de exploração petrolífera em Angola por cerca de 830 milhões de dólares (pouco menos de 800 milhões de euros), líquido de impostos sobre mais-valias, sendo 655 milhões para serem recebidos quando a operação estiver concluída e 175 milhões de pagamentos contingentes em 2024 e 2025, dependentes do preço do petróleo, anunciou a empresa portuguesa, num comunicado em inglês à CMVM.

A companhia espera concluir a operação na segunda metade de 2023.

“A transação vai permitir à Galp cristalizar valor dos seus ativos maduros de upstream (produção) e apoiar um portefólio diferente e estratégia de descarbonização. Estamos confiante que a Somoil, já atualmente presente no bloco 14, irá desenvolver fortemente estes ativos onde a Galp está há muitos anos”.

A empresa acrescenta que os activos incluídos na transação são no bloco 14 (9% Galp): Tombua; Landana; BBLT – Benguela, Belize, Lobito, Tomboco; Kuito; No bloco 14K (4,5% Galp): Lianzi; No bloco 32 (5% Galp): Kaombo (em operação); CNE (em desenvolvimento).

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O anúncio chega no mesmo dia em que a empresa anuncia lucros de 881 milhões de euros em 2022, quase duplicando os resultados do ano anterior. Subiram 93% face aos 457 milhões de euros de 2021. O EBITDA atingiu os 3.489 milhões de euros, um aumento de 66% face ao ano anterior, graças à “melhoria das condições do mercado”. A empresa propõe pagar um dividendo de 52 cêntimos por ação.

Os resultados foram impactados sobretudo pelo segmento de exploração e produção de petróleo, designado por upstream, com um resultado antes de impostos de 3.083 milhões de euros, mais 53% face ao ano anterior, devido à subida do preço do petróleo.

No segmento industrial, o EBITDA saltou de 64 milhões de euros em 2022 para 451 milhões de euros, na sequência do maior contributo das atividades de refinação. A margem de refinação da Galp atingiu os 11,6 dólares em 2022, quando em 2021 tinha ficado nos 3,3 dólares. A empresa salienta este contributo “apesar do aumento dos custos da energia e das licenças de emissão de CO2”.

No segmento comercial, o EBITDA cresceu 4%, de 288 milhões para 298 milhões de euros. A venda de produtos petrolíferos aumentou 14%, impulsionada pela recuperação da economia no pós-pandemia. A venda de gás natural também aumentou 4% enquanto a venda de eletricidade desceu ligeiramente. No final do ano, a empresa tinha um total de 2 382 pontos de carregamento em Portugal e Espanha, o dobro face a 2021.

Nos novos negócios e renováveis, a empresa atingiu um EBITDA de 50 milhões de euros, após ter registado 13 milhões de euros negativos em 2021. O investimento total foi de 1.266 milhões de euros, que foram aplicados sobretudo em produção e exploração, mas também no porfólio das renováveis, incluindo a aquisição da Titan Solar.

Olhando apenas para o quarto trimestre, a Galp teve lucros de 273 milhões de euros e um EBITDA de 951 milhões de euros, que subiu 48% face ao período homólogo. A petrolífera refere que estes resultados referem um desempenho operacional “robusto”, com as atividades de exploração, produção e industrial a “capturarem” o ambiente macroeconómico favorável.

A Galp quantifica em 53 milhões o valor dos impostos que pagou pela taxas sobre lucros extraordinários em 2022, além da CESE de 30 milhões de euros. A empresa fechou o ano com uma dívida líquida de 1.555 milhões de euros, menos 802 milhões de euros do que no exercício anterior.

Nas perspetivas para os próximos anos, a empresa prevê investir, em média, mil milhões de euros por ano até 2025. Nesse ano, a empresa espera que a capacidade das suas operações de renováveis atinja os 4 gigawats, três vezes mais do que os atuais 1,4 GW com que terminou o ano passado. Em 2023, a Galp espera aumentar esta capacidade em 200 MW e atingir os 1,6 GW. “Acelerar o desenvolvimento e a construção” destes projetos para alcançar a diversificação de tecnologias mais rapidamente é uma das metas da Galp para os próximos anos. O atual pipeline de renováveis é de 9 GW.