Novos emails de Jeffrey Epstein, tornados públicos esta quinta-feira em Nova Iorque, revelam o que aparenta ser linguagem em código utilizada no âmbito da rede de tráfico e abuso sexual estabelecida pelo magnata norte-americano.
A correspondência diz respeito a conversas entre Epstein e o antigo diretor executivo do banco britânico Barclays, Jes Staley, e as mensagens foram agora divulgadas como parte de um processo judicial mais alargado, movido pelas Ilhas Virgens Americanas contra a empresa JPMorgan Chase, onde Staley exerceu funções até 2015 e onde Epstein foi cliente.
Os excertos revelados dizem respeito à correspondência entre os dois homens entre 2008 e 2012. Neles é possível ler Staley a referir-se às jovens que Epstein traficava sexualmente como personagens da Disney.
Jes Staley: Talvez te estejam a seguir? Aquilo foi divertido. Diz olá à Branca de Neve.
Jeffrey Epstein: Que personagem queres a seguir?
Jes Staley: Bela e o Monstro.
Jeffrey Epstein: Bem, um dos lados está livre.”
Os dois terão ainda trocado fotografias sugestivas de jovens raparigas, mas as imagens em questão não foram até ao momento divulgadas. A posição das Ilhas Virgens, onde Epstein manteve residência durante vários anos, é a de que os emails demonstram a “relação de amizade próxima e ‘profunda’ entre os dois homens, sugerindo até que Staley poderá ter estado envolvido na rede tráfico sexual de Epstein”.
A ação movida pelo território não-administrativo dos Estados Unidos acusa a JPMorgan de ter sido conivente com a prática dos crimes de Jeffrey Epstein ao não atuar perante os indícios de atividade criminal, acusando mesmo a empresa de ter “facilitado, mantido e escondido com conhecimento de causa a rede de tráfico”, cujas transações aconteciam com recurso a contas do banco norte-americano.
Epstein foi condenado nas Ilhas Virgens em 2009 por ter solicitado uma menor para prostituição. Anos mais tarde, o seu envolvimento com a rede de tráfico tornou-se conhecido. Em 2019, enquanto aguardava julgamento numa prisão federal, ter-se-á enforcado; a causa da morte, oficialmente declarada um suicídio, levantou dúvidas junto da opinião pública e de pessoas próximas do caso.
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O norte-americano Jes Staley esteve à frente da Barclays durante seis anos, entre 2015 e 2021. A sua relação com Epstein foi exposta ao público em fevereiro de 2020, altura em que se ficou a saber que as autoridades reguladoras britânicas estavam a investigar o banqueiro pelos seus laços ao predador sexual.
Em outubro de 2021, Staley anunciou abruptamente a saída do banco para contestar as conclusões da investigação, que concluiu que este tinha descaracterizado a verdadeira natureza da sua relação com Epstein ao manter que esta era meramente profissional.