Encontraram-se pela primeira vez na década de 80, na eliminatória mais aguardada dos quartos da Taça dos Vencedores das Taças de 1983/84 que terminaria com a Juventus a bater o FC Porto na primeira final dos dragões na Europa, jogaram depois a decisão da mesma prova em 1990/91 com novo triunfo dos ingleses com bis de Mark Hughes. A partir daí, Manchester United e Barcelona foram dois “clientes” relativamente habituais mas sempre na Liga dos Campeões. Em fases de grupos (1994 e 1998), nos quartos (2019), nas meias (2008), na final (2009 e 2011). Era quase um encontro natural, perante o currículo, o histórico e as ambições de ambos. No entanto, a realidade foi mudando e agora cruzavam na Liga Europa.

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Os caminhos até baixarem foram diferentes e os próprios ciclos de vida dos projetos desportivos tiveram pontos distintos. No caso dos catalães, que caíram da Champions num grupo com Bayern e Inter, o trajeto nas provas europeias não acompanhou o início de redenção no plano interno (lidera a Liga com um avanço significativo sobre o Real Madrid) depois de alguns anos em que o clube se afundou em casos e casinhos ao mesmo tempo que a era tiki taka ou os resquícios ainda existentes se afundavam de vez. Já os ingleses estão a abrir um novo tempo com Erik ten Hag numa temporada que coincidiu com a ausência da equipa da Liga milionária com tudo o que isso representou em alguns casos como o de Ronaldo. Agora, não havendo aquilo que mais queriam, lutavam pelo segundo troféu europeu. Só um podia chegar aos oitavos.

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“Vai ser um grande jogo, é uma eliminatória espetacular. Ambas as equipas chegam no melhor momento da temporada. O Erik ten Hag mudou a cara da equipa. Tem sido difícil para eles mas estão a fazer um grande trabalho. Podem complicar-nos a vida e espero um jogo com muita intensidade e ritmo. Estamos na Europa e queremos mostrar que conseguimos competir contra um rival europeu de topo. Objetivos na prova? Na Champions não estivemos à altura mas temos de enfrentar a realidade e competir na Liga Europa. Temos a ambição de passar a eliminatória”, dissera Xavi Hernández no lançamento de um encontro frente a um adversário que chegou a pensar representar antes de decidir permanecer nos catalães toda a carreira.

“Quando entramos em qualquer estádio para fazer um jogo há sempre um sentimento diferente mas a única coisa que queremos é preparar a equipa para o que terá pela frente. Creio que estão preparados, sabendo que todos os pequenos detalhes poderão fazer a diferença. São duas equipas que voltaram a rumar na direção certa. Quando jogamos a Liga Europa sabemos que não é o lugar onde queremos estar, o Barcelona e o United pertencem à Champions, mas temos de fazer por isso, temos de trabalhar para isso. São agora duas equipas mais fortes no rumo indicado para lá chegarem”, salientara também Erik ten Hag.

Com a terceira maior assistência da época, num total de 90.225 espectadores só superados pelas casas com Almería (92.605) e Inter (92.302), o Barcelona ainda conseguiu resgatar um empate no final que deixa tudo em aberto para Old Trafford mas aconteceu de tudo um pouco num encontro de loucos apesar do nulo ao intervalo. Ainda antes do jogo, e num contexto em que são cada vez mais as sombras da gestão de Josep Maria Bartomeu (e por sombras entenda-se casos de Justiça…), o pai de Lionel Messi voltou a fechar quase por completo a porta a um regresso. Depois, no jogo grande da noite, houve a lesão muscular de Pedri, um autogolo de Koundé, um amarelo a Gavi que retira o médio da segunda mão, um penálti reclamado por mão de Fred, uma substituição que deixou Raphinha zangado com Xavi com reclamações percetíveis e duas defesas monstruosas de David de Gea que seguraram o 2-2 alcançado após uma reviravolta em menos de dez minutos. No meio de tanta confusão, é caso para perguntar o que mais pode acontecer ao Barcelona…

Depois de uma primeira parte sem golos mas com mais remates e posse para o Barcelona e mais chances de perigo para o Manchester United (sempre com Ter Stegen em plano de evidência), o segundo tempo trouxe um recital de golos a Camp Nou com desfecho imprevisível: Marcos Alonso inaugurou o marcador após um canto de Raphinha num golo festejado em memória do pai também ele internacional falecido na semana passada (50′), Rashford respondeu de seguida com um remate de ângulo impossível entre o guarda-redes e o poste (53′), Koundé desviou para a própria baliza um centro/remate do mesmo Rashford após canto (59′) e Raphinha voltou a empatar num cruzamento em arco onde Lewandowski parece não tocar na bola (76′) antes de um final frenético que teve mais reclamações de penáltis dos catalães, uma bola de Casemiro no poste da própria baliza e duas grandes intervenções de De Gea que seguraram o 2-2.