A Comissão Europeia proibiu os seus funcionários de utilizarem o TikTok, propriedade da chinesa ByteDance. Em comunicado divulgado esta quinta-feira, Bruxelas escreve que a “medida visa proteger a Comissão contra ameaças à cibersegurança e ações que podem ser exploradas para ataques contra o ambiente empresarial”.
Os funcionários receberam ordens para desinstalar o TikTok dos seus dispositivos de trabalho, mas também devem remover essa rede social dos telemóveis e computadores pessoais — caso tenham nesses aparelhos alguma aplicação instalada relacionada com o trabalho que desenvolvem em Bruxelas.
Os trabalhadores da Comissão Europeia devem apagar o TikTok “assim que possível” e até 15 de março, dia em que “os dispositivos com a aplicação instalada serão considerados incompatíveis com o ambiente corporativo”, diz o email enviado aos funcionários por Bruxelas. O site Euractiv, que teve acesso a essa mensagem, escreve que aqueles que não desinstalarem o TikTok vão deixar de ter acesso a aplicações que utilizam para trabalhar, como o email da Comissão Europeia ou o Skype.
Ao Politico, um porta-voz do TikTok disse estar “desapontado” com a decisão, que acredita ser baseada em conceções fundamentais erradas. “Entrámos em contacto com a Comissão para esclarecer as coisas e explicar como protegemos os dados de 125 milhões de pessoas em toda a União Europeia que acedem ao TikTok todos os meses”, acrescentou. O mesmo jornal considera que é provável que outras instituições da União Europeia, como o Conselho Europeu e o Parlamento, possam também vir a bloquear a aplicação. Questionada pelo Observador sobre essa possibilidade, a Comissão Europeia remeteu para o comunicado e para uma conferência de imprensa, onde os porta-vozes Eric Mamer e Sonya Gospodinova se recusam a dizer se existiu algum incidente específico que levou à decisão de bloquear o TikTok nos dispositivos dos funcionários.
A Comissão Europeia, no comunicado desta quinta-feira, alerta ainda que “a evolução da segurança de outras redes sociais será também objeto de revisão permanente”. Segundo Bruxelas, “esta medida está em consonância com as rigorosas políticas internas” em “matéria de cibersegurança no que respeita à utilização de dispositivos móveis para efetuar comunicações relacionadas com o trabalho”. Além disso, “complementa os conselhos que, desde há muito, a Comissão tem vindo a dar ao seu pessoal, para que aplique as melhores práticas aquando da utilização de plataformas de redes sociais e se mantenha atento ao ciberespaço no seu trabalho quotidiano”.
Em janeiro, Bruxelas tinha ameaçado proibir a utilização do TikTok na União Europeia, se os responsáveis pela rede social não evitassem que menores tivessem acesso a vídeos “potencialmente mortais”.
A medida tomada esta quinta-feira pela Comissão Europeia surge depois de o governo dos Estados Unidos ter proibido o TikTok nos dispositivos móveis de funcionários federais devido a receios de que a plataforma, propriedade da chinesa ByteDance, fosse utilizada como ferramenta de espionagem ao serviço de Pequim. É devido a estas preocupações que Shou Zi Chew, CEO do TikTok, vai ser ouvido, a 23 de março, pelo Comité de Energia e Comércio do Congresso norte-americano.
CEO do TikTok vai ser ouvido no Congresso norte-americano em março