Não é só no domínio da mobilidade eléctrica que as novidades se sucedem. Também a condução autónoma está a guiar a estratégia de muitos construtores de automóveis (e não só), sendo encarada como o próximo passo para incrementar a segurança nas estradas, reduzindo o número de mortes e de acidentes. A Mercedes está apostada em desenvolver esta tecnologia e conquistar a confiança das autoridades, dando passos firmes nesse sentido.

Em Janeiro, a marca da estrela viu o seu Drive Pilot ser certificado no estado norte-americano do Nevada como um SAE Nível 3, isto é, em determinadas condições o condutor pode tirar as mãos do volante e deixar-se guiar a uma velocidade de até 64 km/h, com a veículo a conseguir reagir automaticamente a situações inesperadas, travando ou desviando-se sem que o condutor tenha de intervir. A ideia da marca é alargar a outros estados norte-americanos o sistema, disponível nos Classe S e EQS (cujas primeiras entregas estão previstas para o segundo semestre), enquanto que pela Europa vai demonstrando as potencialidades do chamado Intelligent Park Pilot. Como o nome indica, trata-se de um sistema de estacionamento automatizado, o primeiro de Nível 4, a receber aprovação para uso comercial na Alemanha.

Conforme já aqui lhe relatámos, esta tecnologia tem mão portuguesa, dado que foi a partir das instalações da Bosch, em Ovar, que as equipas dedicadas às câmaras de vídeo trabalharam para as integrar numa infra-estrutura inteligente. Na prática, o sistema desenvolvido em conjunto pela Mercedes e pela Bosch obriga a uma série de requisitos para ser operacional, o que o limita de momento a um parque de estacionamento – o P6 do aeroporto de Estugarda.

Mercedes já estaciona sem condutor. Mas só num parque

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Aí, recorrendo à plataforma digital APCOA Flow, os clientes podem reservar lugar antecipadamente, pagar automaticamente pelo tempo de permanência na garagem e, melhor do que isso, parar o Classe S ou EQS e deixar o veículo seguir sozinho, à procura de um lugar vago para estacionar. No regresso, o Mercedes também recolhe o condutor, poupando-lhe tempo e encurtando o número de passadas que seria preciso dar até chegar ao carro.

Para que tudo isto seja possível, basta ter um smartphone à mão e recorrer a uma aplicação para ordenar ao veículo que se se dirija pelos seus próprios meios para um designado lugar, ou solicitar-lhe que abandone o estacionamento para recolher o condutor. A orientar o Intelligent Park Pilot está uma série de sensores da Bosch instalados no P6, que comunicam com o sistema da Mercedes, responsável por receber as indicações da infra-estrutura e convertê-las em manobras. Até mesmo subir ou descer rampas, na mudança de andar.

A necessidade de ter que comunicar com a infra-estrutura acaba por ser uma limitação desta tecnologia que, segundo a Mercedes, é uma função que a marca espera disponibilizar em algumas variantes dos Classe S e EQS. Para a Bosch, o descanso oferecido por esta solução supera os inconvenientes, a ponto de se justificar o investimento na infra-estrutura. “O nosso objectivo é equipar cada vez mais estacionamentos com a tecnologia de infra-estrutura necessária. Planeamos fazer várias centenas destes parques em todo o mundo nos próximos anos”, prometeu o presidente do sector de negócios Soluções de Mobilidade da Bosch, Markus Heyn, quando o Intelligent Park Pilot foi liberado para exploração comercial.