A UGT manifestou-se, esta quinta-feira, perplexa perante as “ameaças de denuncia” do acordo assinado em Concertação Social pelas confederações patronais devido à aprovação da Agenda do Trabalho Digno, recusando a alegação de que a agenda interfere no acordo.

Numa resolução aprovada por unanimidade, a UGT refere que as alterações à legislação laboral contempladas na Agenda do Trabalho Digno constituem “um avanço na proteção” de milhares de trabalhadores, salientando o reforço das compensações por despedimento, a presunção de laboralidade nas plataformas digitais ou a consagração do poder de avaliar a denúncia das convenções.

“Esse novo quadro, que potencia que a negociação coletiva se desenvolva de forma mais equilibrada, poderá dar um impulso decisivo para a concretização do Acordo para a Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade, celebrado em 09 de Outubro de 2022”, refere a central sindical liderada por Mário Mourão.

Neste contexto, salienta ser “com perplexidade” que a UGT assiste “à pressão política por parte das confederações patronais, com ameaças de denúncia do Acordo tripartido assinado, em virtude da aprovação da Agenda do Trabalho Digno”.

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Uma perplexidade que resulta do facto “de se alegar” que as alterações aprovadas na Agenda “interferem com o Acordo assinado”, refere a UGT, acentuando que as mesmas ou “concretizam medidas desse mesmo Acordo” ou “em nada interferem com o mesmo ou apenas potenciam os seus objetivos”.

“A UGT refuta assim a análise, sobretudo economicista, que está a ser feita pelas confederações patronais e devemos deixar claro que consideramos que quem, a coberto de um não acordo (na Agenda do Trabalho Digno), resultante em grande parte da sua própria inação, vem ameaçar com a denúncia de outro acordo, não está a prestar um bom serviço ao diálogo social que afirma defender e à confiança que o deve reger“, refere a mesma resolução.

A UGT aborda ainda o programa “Mais habitação”, aprovado pelo Governo na semana passada, considerando-o positivo, mas insuficiente e que adia as respostas perante a urgências das famílias.

Sem prejuízo das medidas apontadas, a UGT considera que o programa passa ao lado de alguns dos problemas vivenciados pelos portugueses, apontando o facto de apostar em medidas de resposta centradas essencialmente no arrendamento “ignorando completamente” a realidade da generalidade das famílias ter um crédito para compra de casa.

Num contexto de subida de taxas de juro, como o atual, “as únicas medidas que visam fazer face a este problema gritante — a obrigação dos bancos oferecerem taxa fixa e a proteção na subida das taxas de juro — são manifestamente insuficientes e desadequadas”, refere a resolução.

A resolução aborda ainda o ano passado sobre o início da guerra na Ucrânia, reiterando a sua profunda solidariedade para com o provo ucraniano.