Pepe caído no relvado completamente extenuado após um encontro onde foi forçado a preencher muito mais metros de relvado do que é normal pela inferioridade numérica, abraços e cumprimentos entre jogadores e equipa técnica, muitos aplausos das bancadas pela atitude demonstrada por todos e um momento que estava preparado já antes do jogo com a tarja “Parabéns capitão, 40 anos disto” a assinalar o aniversário do central que, de lágrimas nos olhos, foi agradecendo o apoio dos adeptos enquanto ia tirando a proteção que ainda utiliza no braço esquerdo em jogo depois da fratura (e posterior operação) no jogo dos quartos do Mundial com Marrocos. O final da partida não foi muito diferente daquele que era esperado, o resultado acabou por estragar o ambiente com que se cumpriu essa homenagem. E a derrota caseira com o Gil Vicente, com o FC Porto reduzido a nove a partir dos 52′, acabou por deixar a equipa a oito pontos do Benfica.

O dia de Pepe que acontece uma vez em cada 40 anos (a crónica do FC Porto-Gil Vicente)

Contas feitas, os azuis e brancos, que não sofriam duas derrotas seguidas há três anos e meio, têm já tantas derrotas no Campeonato à 22.ª jornada como nas duas últimas edições de 2020/21 e 2021/22. Em paralelo, desde 2018/19 que os dragões não perdiam dois jogos em casa na Primeira Liga.

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“Saio com sensações negativas… Entrámos bem no jogo, tivemos um golo anulado logo no início, fizemos um golo, tivemos uma bola na trave, tivemos uma ocasião do Pepê quase em cima da linha de golo… Podíamos ter matado o jogo nos primeiros 20/25 minutos. Perto da meia hora o Gil Vicente faz um golo com alguns erros defensivos nossos e depois foi uma sucessão de situações com a expulsão do João [Mário]…”, referiu Sérgio Conceição na zona de entrevistas rápidas da SportTV após o encontro, já depois de nenhum dos jogadores azuis e brancos ter passado por um ponto obrigatório de acordo com os regulamentos da Liga.

“Depois ajustámos para a segunda parte mesmo em inferioridade numérica para ganhar o jogo, o Gil Vicente não teve muitas abordagens no nosso terço defensivo, nós conseguimos criar oportunidades, fizemos um golo que foi anulado por 30 centímetros. Os jogadores deram tudo o que tinham para dar, o público também a apoiar do início ao fim. Tudo aconteceu ao contrário e nos lances dúbios e importantes do jogo houve muito rigor e visualização, que acho muito bem mas que tem de ser para as duas equipas. É por aqui, não tenho muito mais para acrescentar sobre o jogo… Boa noite”, concluiu o técnico portista.

“Correu mal muita coisa, ficou um espírito fantástico do grupo e uma grande atitude dos adeptos do início ao fim. Acho muito bem que o árbitro seja chamado ao VAR porque estão lá para isso, é uma ferramenta que é importante para o futebol mas tem de ser em todas as situações e não só em algumas. Foi isto, perdemos um jogo, não perdemos a guerra, faltam muitas batalhas até ao fim e continuamos vivos e fortes”, reforçaria mais tarde na sala de conferências de imprensa, onde respondeu também a uma só pergunta.

Antes, enquanto era esperada a presença de Sérgio Conceição para abordar a partida, também Pinto da Costa, presidente do FC Porto, falou ao Porto Canal, deixando críticas mais abertas à arbitragem e ao VAR. “Com a nomeação do VAR de hoje [Rui Silva] e com a nomeação de António Nobre como VAR de Vizela, eu faço daqui um pedido: acabem com o VAR. Haver VAR para uns e não para outros dá um sentido contrário ao que é a verdade do jogo. Se defendem a verdade desportiva, se o VAR só atua para alguns e não atua para outros, acabe-se com o VAR porque assim não está a fazer nada a não ser gastar dinheiro e desvirtuar a verdade do Campeonato”, apontou o líder dos azuis e brancos após a derrota com o Gil Vicente, apontando também para alguns lances criticados na véspera durante a partida entre Vizela e Benfica.

“O público compreendeu que os jogadores deram o máximo, nove contra 11 era uma missão quase impossível sobretudo com a dualidade de amostragem de cartões amarelos que levou depois ao segundo e consequente vermelho do Uribe. É só analisar os lances. Mas repito: para a verdade desportiva, acabe-se com o VAR, haver para uns e não haver para outros é desvirtuar a verdade de jogo. É natural que toda a gente tenha visto, o público viu e compreendeu isso. Nós não tratamos os árbitros por ‘tu’, não chamamos à atenção, não falamos com eles sequer, portanto espero que o Conselho de Arbitragem medite bem sobre o que se passou nesta jornada e nas nomeações que fez. O VAR do jogo na Luz marcou um penálti contra o Vizela, agora devia estar distraído a ler os versos do António Nobre. Toda a gente percebeu que, com aquela ovação no final dos adeptos, todos perceberam que os nossos atletas perderam porque tinham de perder, não vale a pena dizer mais, só espero que meditem bem sobre o que aconteceu”, finalizou Pinto da Costa.