A Iniciativa Liberal rompeu o acordo de incidência parlamentar com o Governo dos Açores e Carlos Furtado, ex-Chega, anunciou que também se vai desvincular do mesmo. O bater de porta dos dois deputados coloca em causa a continuidade do Governo regional composto por PSD, CDS e PPM e que apoiado por IL e Chega (um dos deputados independente), mas José Manuel Bolieiro, presidente do Governo regional dos Açores, já referiu que não pode “assumir as responsabilidades dos outros”.
“A partir de hoje e depois e todos os esforços que fizemos para que o acordo pudesse ser levado até ao fim (…), a IL comunicará que se liberta do acordo de incidência parlamentar que assinou com o PSD”, revelou o deputado único da IL nos Açores durante uma declaração política na assembleia legislativa dos Açores, momento em que pôs fim ao acordo que suportava o Governo regional.
Nuno Barata começou por explicar que foi firmado um “frugal acordo” entre IL e PSD e que “nem isso foi possível o PSD cumprir”. Apesar de estar a romper com o acordo que permitia uma governação à direita nos Açores, o deputado da IL assegurou que “o objetivo da IL era chegar ao fim do mandato“.
Citando os dez pontos do acordo, Nuno Barata justificou uma por uma as razões que levaram os liberais a abdicar do acordo e acusou o Governo regional de “hipotecar a própria autonomia” e de “constrangir os autonomistas convictos que dentro do PPD/PSD ainda existem”.
“No meio da turbulência que é este Governo regional do PSD, do CDS e do PPM, que não cumpre com os parceiros de incidência parlamentar, como também já não cumpre com este Parlamento, a Iniciativa Liberal não se contenta com isso e sabe que não pode carregar culpas desses incumprimentos da coligação para com os Açores e os açorianos”, acrescentou o representante da IL, frisando que o partido liberal foi “parte desta solução”.
Nuno Barata acusou ainda o PSD de ser incapaz de “promover a devida estabilidade junto dos seus parceiros de coligação”. “Libertamo-nos desta amarra (…) Até porque não faz sentido a Iniciativa Liberal continuar a confiar num Governo, em cuja maioria dos sociais-democratas desta região deixaram de acreditar e em que parte significativa dos açorianos não conseguem vislumbrar soluções.”
“Não estamos disponíveis para continuar a ser conotados com as vossas decisões erradas e comportamentos erráticos, nem para sermos acusados, pelos açorianos, de viabilizarmos uma governação que se tem desdobrado em trapalhadas atrás de trapalhadas…”, atacou o deputado Nuno Barata.
Pouco depois de Nuno Barata anunciar a decisão da IL, Carlos Furtado, deputado que se tornou independente após ser eleito pelo Chega, também revelou que não está disponível para manter o acordo de incidência parlamentar.
“Também eu hoje me desvinculo [do acordo de incidência parlamentar]. Há incumprimentos e falta de respeito institucional. Desde que deixei o Chega há incumprimentos, fui tratado como um parente menor”, afirmou Carlos Furtado, deixando claro que vai “cumprir apenas a obrigação com os açorianos: votar favoravelmente o que entender e contra o que entender”.
José Manuel Bolieiro, presidente do Governo regional dos Açores, frisou, em declarações à CNN, que não pode “assumir as responsabilidades dos outros” e que está focado em ser um “factor e referencial de estabilidade“.
“Vamos continuar a cumprir o programa do governo”, assegurou, realçando que tem “cumprido com muitas situações difíceis face às necessidades económicas e sociais”. Ainda assim, questionado sobre a possibilidade de eleições antecipadas, disse apenas que é o “veredicto popular é soberano”.