Cristiano Ronaldo e restantes companheiros do Al Nassr viajavam para Jeddah e nunca como nessas horas se ouvia falar do avançado português desde que rumou à Arábia Saudita. Houve um pouco de tudo: o encontro com o árbitro espanhol Mateu Lahoz que iria dirigir o jogo com o Al-Ittihad depois de uma relação que teve insultos e conversas animadas em campo na La Liga; o impacto que poderia ou não ter no Manchester United a nível de golos depois da derrocada histórica em Anfield com o Liverpool que colocou tudo e mais alguma coisa em causa; as palavras de Thomas Müller após a vitória do Bayern em Munique na Liga dos Campeões que voltou a deixar o PSG em crise. E foi uma tirada em específico do internacional germânico que andou a fazer manchetes nos jornais internacionais a par de nova revolução preparada pelo clube francês.

“Contra o Messi as coisas correm sempre bem a todos os níveis nos resultados finais. A nível de clubes, o Cristiano Ronaldo era o nosso problema quando estava no Real Madrid… Tenho o maior respeito pelo desempenho individual de Messi no Mundial. Levou a equipa toda. Por outro lado, não é fácil jogar numa equipa como o PSG, porque é complicado encontrar um verdadeiro equilíbrio na equipa”, frisou o avançado, que já antes do duelo com os parisienses tinha falado do duelo particular com o argentino. “Sei bem todas as estatísticas que tenho contra o Messi e também sei que antes de um jogo como estes se fala muito disso. Há o 8-2 contra o Barcelona mas para mim o maior resultado foi o 7-0 na eliminatória das meias em 2013”, tinha antes referido o jogador que se sagrou campeão mundial em 2014 contra a Argentina do número 10.

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Esta estava a ser aquela semana onde o capitão da Seleção parecia ser mais valorizado pelo que fez e pelo que ainda tentava fazer do que quando estava ainda na Europa. No entanto, era na Arábia Saudita que tinha o foco e no Al-Ittihad do técnico Nuno Espírito Santo que centrava o alvo. E por três razões distintas: por um lado, o encontro em Jeddah poderia marcar o reencontro com os golos depois de ter ficado em branco na derradeira partida em que o Al Nassr venceu o último classificado Al-Batin por 3-1 com todos os golos do conjunto de Riade marcados nos descontos; por outro, era um duelo que valia liderança da Liga, tendo em conta os dois pontos de diferença entre as equipas com vantagem para o Al Nassr; por fim, era um jogo com traços de “vingança” depois da derrota nas meias da Supertaça, naquele que foi o único desaire do avançado desde que chegou ao Médio Oriente e que impediu que conquistasse o primeiro título pela nova equipa.

Um final de loucos com o golo de Ronaldo a ser a vitória: Al Nassr ganha com três golos nos descontos, avançado chega ao 755.º triunfo

“Ele veio apenas passar o inverno na Arábia Saudita? De maneira nenhuma! Ronaldo é um campeão, não abre mão de um centímetro nos treinos e na gestão da vida fora de campo. Está mecanizado para vencer. Ele é um estímulo extra para os outros companheiros também. É uma total máquina de guerra. Aqui o nível técnico é muito mais competitivo do que o que está a ser dito. Estes são jogos de ritmo elevado e cada desafio não deve ser subestimado. Tudo tem de ser preparado taticamente até ao último pormenor”, comentara na antecâmara do jogo grande o técnico de guarda-redes do Al Nassr, Guido Nanni, ao bianconeranews.it.

Quatro jogos, oito golos, duas assistências, mais um prémio individual: Ronaldo eleito o MVP da Liga saudita em fevereiro

Os números de Ronaldo na Liga saudita mostravam bem esse compromisso com a equipa e com o jogo: seis encontros realizados sempre como capitão do início ao fim (540 minutos), oito golos, duas assistências e uma proximidade cada vez maior aos principais goleadores da competição, sendo que o companheiro Talisca que lidera a lista está apenas a cinco golos de distância. Contudo, era sobretudo no plano coletivo que estavam as atenções, tendo em conta a importância que o duelo com o Al-Ittihad teria para o título numa fase em que o Al Hilal, campeão em título, ficaria ainda a sete pontos se ganhasse as duas partidas em atraso depois de ter estado a disputar o Mundial de Clubes. E, aí, o Al Nassr (e sobretudo Rudi Garcia) falhou, com a equipa de Nuno Espírito Santo a assumir o encontro e a ter o merecido prémio na parte final de uma partida onde Ronaldo esteve sempre isolado na frente de ataque e sem bola para poder fazer a diferença.

Pela primeira vez desde que chegou à Arábia Saudita, Ronaldo teve um jogo com a equipa a dar a posse e o domínio, a jogar quase sempre de linhas baixas e a deixar passar os minutos sem grande preocupação em ver como poderia explorar as transições quando o Al-Ittihad arriscava mais na frente. E o encontro chegou ao intervalo com um nulo, com o português a ter apenas um cabeceamento que bateu num defesa contrário e saiu pela linha de fundo e os visitados a estarem sempre por cima da partida. No início do segundo tempo esse domínio adensou-se com Bruno Henrique a falhar de cabeça em posição privilegiada (54′) e Álvaro González a tirar o golo certo a Romarinho numa recarga após remate de Abderazzak Hamdallah (58′). Só mesmo nos minutos finais a equipa de Nuno Espírito Santo seria recompensada pela exibição, com o mesmo Romarinho a surgir isolado em frente a Nawaf e a atirar sem hipóteses para o 1-0 final (81′) apesar da melhor oportunidade do Al Nassr com Grohe a evitar o empate após uma “bomba” de Ronaldo.