A Nova Medical School criou uma comissão de avaliação para analisar o caso do professor Miguel Seabra que escreveu, no verso de um cartaz, “o homem branco está em vias de extinção na ciência”. A polémica começou na rede social Twitter, onde foi publicada na semana passada uma fotografia de uma declaração manuscrita atribuída ao ex-presidente da Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT).

“O homem branco está em vias de extinção na ciência! Miguel Seabra. Vamos comemorar o dia do survivor” é o texto escrito no verso de um cartaz sobre um seminário no âmbito do Dia Internacional da Mulher, que estaria afixado nas instalações do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC), da faculdade de Ciências Medicas da Universidade Nova de Lisboa.

A Agência Lusa tentou contactar o professor mas não obteve qualquer resposta até ao momento, no entanto, em declarações ao programa Polígrafo, da SIC, Miguel Seabra assumiu a autoria das frases, explicando tratar-se “apenas e só de uma brincadeira para consumo local”.

A Lusa questionou a Nova Medical School (NMS) que afirmou que “perante o episódio protagonizado pelo professor Miguel Seabra, que já apresentou um pedido formal de desculpa a toda a comunidade da NMS, a Nova Medical School, como é boa prática, criou uma comissão de avaliação, à qual caberá tratar o processo com total transparência e isenção. A Direção da NMS adotará as medidas adequadas sob o parecer desta Comissão”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O gabinete de comunicação acrescentou ainda que “a Nova Medical School lamenta e condena qualquer comportamento que atente contra os valores da Igualdade, Equidade, Tolerância e Respeito, pelos quais a Faculdade se rege”.

O ex-presidente da FCT garantiu estar a brincar e que a declaração não representa o seu pensamento. “Quem me conhece como colega e amigo sabe que só podia estar a brincar”, afirmou.

“Importa esclarecer que as palavras que escrevi em nada representam o meu pensamento, os meus valores, as minhas ações ao longo de mais de 30 anos como investigador e os ideais que defendo. O objetivo não foi, nunca, colocar em causa o bom nome da ‘Nova Medical School’ nem dos excelentes profissionais que nela colaboram e que contribuem para a excelência da instituição. Em nenhum momento pretendi envolver a ‘Nova Medical School’ nesta situação, pelo que, publicamente, peço desculpa à faculdade na pessoa da professora Helena Canhão, lamentando, desde já, qualquer transtorno causado”, disse em resposta ao Polígrafo.

Além de investigador principal no CEDOC, Miguel Seabra era coordenador de programas de doutoramento na Fundação Champalimaud mas, segundo o Polígrafo, terá apresentado demissão dessas funções.

A Lusa contactou o gabinete de imprensa da Fundação Champalimaud para confirmar este facto e saber se o pedido de demissão tinha sido aceite, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.