Portugal e Timor-Leste mostraram-se esta terça-feira disponíveis para estudar o alargamento da Escola Portuguesa de Díli (EPD), sobrelotada e com crescente procura, através do reforço das atuais infraestruturas ou da construção de um segundo polo.
A garantia foi dada à Lusa pelo secretário de Estado da Educação português, António Leite, e pelo ministro da Educação, Juventude e Desporto timorense, Armindo Maia, à margem da assinatura de um protocolo de cooperação em Díli.
“Estão a ser procuradas soluções que terão que ser sempre articuladas com o governo de Timor-Leste. Pode passar por fazer crescer o edifício — que me dizem tem condições de engenharia para tal — ou encontrar outro espaço alternativo”, disse António Leite.
Armindo Maia frisou que expandir a EPD é um projeto a avaliar, notando que o centro onde estão atualmente mais de mil alunos, a grande maioria timorenses, continua a ter muita procura.
“Vamos ter que pensar conjuntamente com o Governo português, uma vez que é um projeto diretamente sob tutela do Ministério da Educação português. Mas acho que sim, que é bom pensar na expansão, em função da demanda, da muita procura“, disse Maia.
A ideia da expansão da EPD é uma ideia antiga e que chegou a ter alguns avanços durante o mandato da anterior direção.
Em 2018 chegou mesmo a ser apresentado em Díli a maquete de um projeto que previa 25 novas salas e um pavilhão multiusos, com um custo total estimado de 4,5 milhões de euros.
No projeto, que nunca chegou a avançar, estava prevista a construção de mais um piso no edifício principal, a construção de uma sala multiusos para auditório e ginásio e ainda a instalação de dois campos desportivos, entre outras melhorias e alterações.
O assunto voltou agora a ser retomado durante a visita a Díli do secretário de Estado da Educação português, que na segunda-feira visitou a EPD onde deu posse ao novo diretor e subdiretor.
“A questão está a ser abordada e acompanhada. Do que vi até agora, e é a terceira escola que visito, em todas há procura para além da capacidade de oferta. Talvez aqui seja o sítio onde a pressão é maior e o sítio que é mais pequeno do ponto de vista físico“, disse esta terça-feira António Leite.
“As escolas portuguesas são genericamente, onde estão implantadas, procuradas pelas classes dirigentes e comunidades portuguesas e é para nós também muito claro que temos a ganhar todos em que haja mais jovens, sejam portugueses a viver nesses países ou cidadãos do país, a aprender no sistema educativo português”, afirmou o secretário de Estado.
Leite disse que a nova direção da EPD vai agora desenhar um plano de desenvolvimento que implica avaliar alguns dos desafios da escola, incluindo, por exemplo, “perceber porque é que alguns jovens a partir de algum determinado momento optam por outas respostas”, saindo da EPD.
“Quando tivermos um conhecimento mais aprofundado de quais são de facto os problemas encontraremos a resposta para a escola. A escola é uma escola de referência, frequentada esmagadoramente por timorenses e existe também para isso, para que a presença da língua portuguesa, se essa for a vontade, continue a acontecer”, disse o secretário de Estado.
Leite disse que a questão da rede de escolas portuguesas no estrangeiro é um dos aspetos que o Governo está sempre a avaliar, notando que em breve deverão ser abertas duas novas escolas, uma em São Paulo e outra em Bissau, além de polos noutras localidades de Cabo Verde, Angola e Moçambique.
“É vontade clara da nova direção da escola [EPD] que a escola se possa expandir. A nova direção vai fazer a avaliação da perspetiva que irá seguir, tem primeiro que aprender o que é a escola e perceber em que podemos melhorar. Parece claro que temos espaço para poder melhorar a nossa presença”, vincou.
“Da parte do Governo português existe muito essa vontade, mas será sempre de forma articulada com o governo timorense“, sublinhou Leite.
O secretário de Estado português notou que há “vontade política, educativa e emocional” para continuar a apostar na EPD e para a tornar “cada vez mais numa escola de referência dento do sistema educativo de Timor-Leste de Portugal”.
“É em simultâneo uma escola dos dois sistemas educativos e que queremos seja um fator de desenvolvimento para os dois países”, disse.
Durante a visita a Timor-Leste, e segundo a agenda divulgada pelo seu gabinete, o secretário de Estado português visita ainda as escolas CAFE nas localidades de Aileu, Baucau e Manatuto, e tem encontros previstos com o primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak e com o presidente do Parlamento Nacional, Aniceto Guterres Lopes.