A casa que foi a morada do antigo Rei Eduardo VIII e da norte-americana Wallis Simpson, em Paris, será uma casa-museu com entrada gratuita e abertura prevista para o verão do próximo ano, a coincidir com os Jogos Olímpicos de 2024 na capital francesa.
A propriedade pertence à Câmara Municipal de Paris que a cedeu recentemente a casa à Fundação Mansart durante um período de 32 anos, confirmou o presidente da fundação, Albéric de Montgolfier à CNN Internacional. Explicou também que esta casa nunca foi aberta ao público, mas agora há planos para isso acontecer, pela primeira vez, no verão do próximo ano.
A casa-museu terá entrada gratuita, uma exposição permanente a contar a sua história, vai contar com um café e um restaurante e será também cenário de eventos. O projeto deverá durar cerca de um ano e as obras vão incluir a instalação de sistema de aquecimento e as alterações necessárias para cumprir as medidas de saúde e segurança da atualidade.
A mansão, com o nome Villa Windsor, tem 14 quartos, uma grande sala de jantar, salão, biblioteca, os jardins tem 1,5 hectares e fica localizada no Bosque de Bolonha, na cidade de Paris. Por esta casa passaram inúmeras celebridades que frequentavam as festas dos duques, bem como membros da família real, como por exemplo a Rainha Isabel II, dias antes da morte do tio, e o então príncipe Carlos. A vida do antigo Rei e da mulher nesta morada foi mencionada em diferentes momentos e temporadas da série da Netflix “The Crown” filmadas no próprio local.
A Fundação Mansart terá sido escolhida para este projeto por já ter restaurado o Château de Bagatelle, na mesma zona. No site desta instituição lê-se que foi criada para “preservar e promover o património francês” e que “gere uma grande coleção de arquivos e obras de arte, que são mostradas com regularidade a um vasto público todos os anos”.
Antes e depois dos duques
A casa na Route du Champ d’Entraînement, nº 4 data de 1928 e foi sempre propriedade capital francesa, segundo de Montgolfier. Antes dos duques de Windsor, já os tempos do pós II Guerra Mundial escreveram páginas da história desta casa. Em 1944 as portas abriram-se para receber o general Charles de Gaulle e a família durante dois anos, depois depois do político ter estado em exílio durante a ocupação Nazi. “Foi um período muito interessante porque muitas leis de França foram assinadas ali, incluindo a que deu às mulheres francesas o direito a votar.”
Eduardo VIII abdicou do trono britânico em dezembro de 1936 para se poder casar com Wallis Simpson, que era uma norte-americana divorciada. Já como duques de Windsor mudaram-se para esta casa em 1953, a decoração ficou a cargo Stéphane Boudin, que viria a ser chamado para decorar divisões da Casa Branca no tempo de Jackie Kennedy, segundo conta Vanity.
Foi ali que ambos morreram. O duque em 1972 e a duquesa em abril de 1986. Depois, o novo arrendatário passou a ser o empresário egípcio Mohamed Al Fayed. Em dezembro de 1986 o New York Times noticiava que o milionário tinha arrendado a casa por 50 anos e iria gastar cerca de dois milhões de dólares a restaurá-la para a tornar num museu de memorabília dos Windsor para ser visitada apenas por “historiadores, membros da família real britânica, personalidades, amigos e convidados importantes do Ritz”, hotel do qual era proprietário na época, escreve o jornal. O empresário pretendia fazer do último piso uma das suas moradas.
Al Fayed “pretendia originalmente que fosse a casa do seu filho Dodi e tinha planeado um almoço de noivado lá para Dodi e Diana”, contou o novo dono da casa à CNN. O empresário egípcio devolveu a casa à cidade de Paris há quatro anos.