A Câmara da Nazaré manifestou esta segunda-feira reservas sobre a instalação de uma central de produção de hidrogénio verde na freguesia de Fanhais, um investimento de 150 milhões de euros que obriga a rever o Plano Diretor Municipal.
O projeto, promovido pela empresa Rega Energy, representa um investimento de 150 milhões de euros para descarbonizar indústrias da região, através da substituição de fontes de energia, como gás natural, por hidrogénio verde.
Numa apresentação realizada esta segunda-feira, durante a reunião do executivo camarário, a empresa explicou que o projeto, denominado Nazaré Green Hydrogen Valley, envolve quatro concelhos dos distrito de Leiria (Nazaré, Leiria, Marinha Grande e Alcobaça) e servirá um consórcio que “representa cerca de 10% das emissões de CO2 [dióxido de carbono] da indústria nacional”.
No concelho da Nazaré, o objetivo será instalar 62 hectares de painéis fotovoltaicos e sete turbinas eólicas numa área de 220 hectares, parte dos quais ocupados com pinhal, na freguesia de Fanhais.
Um projeto em relação ao qual o vereador do Ambiente, Orlando Rodrigues (PS), manifestou esta segunda-feira “muitas reservas”, atendendo à “área substancial de desbaste” de floresta prevista, e considerando que “não trará grandes benefícios às empresas da Nazaré”, comparativamente a área industrial de outros concelhos, como a Marinha Grande.
De acordo com o presidente da autarquia, Valter Chicharro (PS), a implantação do projeto em Fanhais “obriga a uma suspensão, a uma revisão do Plano Diretor Municipal”, sobre a qual o executivo só deliberará após a realização de uma sessão de câmara “exclusivamente dedicada a este tema”, para ouvir a empresa e técnicos que permitam “fundamentar a decisão”.
A Câmara pretende ainda “ter acesso aos pareceres das diversas entidades” que já se pronunciaram sobre o projeto que obteve em fevereiro o estatuto de Projeto de Interesse Nacional (PIN).
Segundo a empresa, o Nazaré Green Hydrogen Valle’ inclui uma unidade para produção do hidrogénio verde e uma central solar que lhe fornecerá a energia necessária para a eletrólise, através dos quais está prevista a criação de 140 novos postos de trabalho.
O projeto é desenvolvido por um consórcio de oito empresas que englobam o setor dos cimentos (Cimpor e Secil), setor do vidro (BA Glass, Crisal e Vidrala), entre outras empresa dos setores da água e do gás natural.