O Governo da Alemanha anunciou esta quarta-feira em Maputo uma ajuda financeira de 27,5 milhões de euros para os deslocados de guerra nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, norte de Moçambique.
A ajuda foi divulgada pelo embaixador alemão em Maputo, Lothar Freischlader.
Freischlader avançou que o dinheiro será usado nos serviços de saúde, água e educação e em programas mais orientados para crianças, adolescentes e mulheres grávidas, que foram obrigados a fugir das suas terras, devido à violência armada em Cabo Delgado.
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“Os ataques terroristas no norte do país já deslocaram quase 950 mil pessoas, sendo que mulheres, crianças e adolescentes apresentam-se como um dos grupos mais vulneráveis e que são afetados de forma desproporcional”, enfatizou o diplomata.
Jovens e mulheres de outros países e que estão refugiados em Moçambique também serão abrangidos pelos programas financiados com a verba, explicou Lothar Freischlader.
As iniciativas cobertas pelo apoio, prosseguiu, serão implementadas em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O representante adjunto da Unicef em Moçambique, Yannick Brand, realçou que as intervenções que serão feitas através do financiamento anunciado pela Alemanha vão ter um grande impacto na vida dos beneficiários.
“A deslocação forçada traz grandes desafios, tanto para os deslocados como para as comunidades que abrem as suas casas aos recém-chegados. Quando as pessoas são forçadas a fugir, perdem frequentemente o acesso a serviços essenciais, como cuidados de saúde, apoio nutricional, educação, água, saneamento e higiene e proteção infantil”, destacou Brand.
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A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o ACNUR, e cerca de 4 mil mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.