Vinte e sete jogos oficiais no plano nacional, 25 vitórias, um empate na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal com o Famalicão, uma derrota consentida no último domingo frente ao Sporting no Estádio da Luz para o Campeonato num encontro histórico que contou com mais de 27.000 pessoas nas bancadas. Se o Benfica tinha sido superior nas duas últimas temporadas, a época de 2022/23 adensou esse mesmo peso nas principais provas com reflexos também no crescendo da competitividade (e dos pontos) na fase de grupos da Liga dos Campeões. No entanto, e naquilo que fica sempre, o que conta acabam por ser os títulos. E, depois da vitória encarnada após prolongamento na Supertaça, também o Sp. Braga tinha as suas ambições.

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“Os jogos mais disputados, ou que têm o carácter emocional das finais, costumam ser desbloqueados por grandes jogadas coletivas ou por alguma ação individual. É nisso que temos batalhado ao máximo. É importante voltarmos à nossa génese e aos comportamentos que nos têm levado às vitórias, sabendo que temos jogadoras individualmente capazes de fazer a diferença mas sempre em prol do coletivo ou das necessidades da equipa. Elas estão cientes disso e tenho a certeza que, seja num rasgo individual ou de brilhantismo coletivo, elas vão estar muito inspiradas e motivadas. Como todas as equipas que vêm de um resultado menos bom, elas têm o querer e a motivação de limpar a imagem. A nossa motivação de mostrar uma imagem diferente desse jogo é muito grande”, comentara Filipa Patão, treinadora do Benfica.

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“Vai ser um jogo extremamente competitivo, decidido nos detalhes e na forma e na confiança com que cada a equipa se apresenta. Quanto ao Sp. Braga, vamos ser uma equipa agressiva e proativa. Queremos manter a Taça da Liga no nosso museu. Toda a gente envolvida no futebol feminino, começando pelas jogadoras, merecem este tipo de palco e espetáculo. Espero que os adeptos, principalmente os do Braga, correspondam em massa e queremos sentir esse calor e apoio”, salienta Gonçalo Nunes, técnico do Sp. Braga.

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Os dois primeiros confrontos na presente temporada entre ambos os conjuntos tinham caído para a formação lisboeta (3-0 nas meias da Supertaça, 3-0 no Campeonato) mas a final da Taça da Liga da última época, que caiu para as minhotas no desempate por grandes penalidades, abria outro equilíbrio. E até foi o Sp. Braga a marcar primeiro. No entanto, numa segunda parte de maior domínio dos encarnados, dois momentos de magia de Kika Nazareth acabaram por desequilibrar a final e oferecer ao Benfica a terceira Taça da Liga.

A primeira parte teve um pouco de tudo apesar de ter mantido o empate no encontro. O Benfica entrou por cima, foi conseguindo criar aproximações com perigo à baliza das minhotas, teve um golo anulado a Ana Vitória por fora de jogo (23′), acertou na barra por Andreia Norton mas acabou por ver o Sp. Braga a chegar à vantagem pela canadiana Caroline Kehrer, que acertou também na trave (32′) mas não perdoou isolada na área frente a Rute Costa (33′). O jogo caminhava para o intervalo com as bracarenses na frente mas ainda havia capítulos por contar até ao descanso, com Kika Nazareth a ser carregada na área num lance que foi avaliado pelo VAR, Patrícia Morais a defender o primeiro penálti da especialista Carole Costa mas, na repetição da mesma, a não conseguir travar o remate forte da internacional portuguesa (44′).

O segundo tempo adensou ainda mais o domínio das encarnadas, que foram vendo Patrícia Morais adiar o que se tornaria inevitável: na sequência de um erro da defesa minhota, Kika Nazareth assistiu de calcanhar “à Guti” Nycole para marcar isolada o 2-1 (65′) e fez ainda o passe para a avançada brasileira aumentar para 3-1 a nove minutos do final com mais duas fintas de encher o olho que tiveram tanto ou mais valor do que o golo alcançado quase sem querer no ressalto (81′). Ainda haveria mais bolas no ferro mas o encontro terminaria com a vitória do Benfica por 3-1, confirmando a hegemonia nacional das encarnadas.