Marlène Schiappa, a secretária de Estado francesa da Economia Social e Solidária e da Vida Associativa, posou para a capa da edição de abril/junho de 2023 da revista Playboy. Uma decisão que a tornou alvo de diversas críticas e que a levou a responder numa publicação na rede social Twitter.

A defesa do direito das mulheres para dispor do seu corpo está em todo o lado e a qualquer altura“, afirmou a secretária de Estado. “Em França, as mulheres são livres. Com todo o respeito para com os retrógrados e os hipócritas.”

No meio da contestação social que se vive atualmente em Paris em consequência do aumento da idade da reforma, a secretária de Estado concedeu uma entrevista de 12 páginas que saiu na edição de abril da revista erótica. Segundo o editor da Playboy França, Jean-Christope Forentin, Marlène Shciappa, uma “sapiossexual” de 40 anos, foi vista como a política mais compatível para a Playboy do círculo de ministros e secretários de Estado franceses.

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A política terá concordado em dar a entrevista para abordar tópicos como o feminismo, a violência contra as mulheres e os direitos das mulheres, além de discutir política, literatura e problemas relacionados com o aquecimento global, explica o The Telegraph.

Na edição de abril, Marlène Shciappa aparece completamente vestida na capa assim como ao longo das 12 páginas da entrevista. Numa das fotografias, escreve o jornal britânico, a secretária de Estado posa de forma sedutora enrolada numa bandeira de França. Em duas outras fotografias, Merlène Schiappa aparece com um vestido branco com uma alça e com um vestido com um laço branco gigante debaixo da frase “uma ministra liberta”.

De entre os diversos críticos à entrevista dada pela secretária de Estado, alguns fazem parte do partido de Marlène Schiappa. A primeira-ministra de França, Elizabeth Borne, terá repreendido a política após ter conhecimento do capa, afirmando que a entrevista “é inapropriada” tendo em conta o contexto do país. “Pensei tratar-se de uma piada de dia 1 de abril”, afirmou Ludovic Mendes, colega de partido de Marlène Schiappa. “Consigo perceber a luta feminista, mas não percebo porquê fazê-lo na Playboy. Há outros modos de o fazer.”

Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda francesa, agregou a entrevista à revista Playboy com a entrevista que o Presidente francês, Emmanel Macron, concedeu à revista infantil Pif Gadget, referindo-se aos dois como um erro nas prioridades do governo.

Num país onde o Presidente fala na Pif e uma das suas ministras, Schiappa, na revista Playboy, o problema seria a oposição”, afirmou de forma sarcástica na rede social Twitter. “A França está a sair dos eixos.”

Também a deputada do partido francês Os Verdes Sandrine Rousseau teceu comentários à entrevista de Marlène Schiappa, considerando a sua aparição na revista erótica desrespeitadora.”Estamos no meio de uma crise social, com o assunto recorrente da manutenção da ordem, há pessoas entre a vida e a morte e parece que há uma cortina de fumo com a Pif Gadget e a Playboy“, afirmou a deputada do partido ecológico.

Em 2021, Marlène Schiappa marcou presença na capa dos jornais depois de afirmar ser sapiossexual, ou seja, alguém que é atraído sexualmente por alguém inteligente. A secretária de Estado francesa conta com diversos livros publicados em relação ao feminismo. Marlène Schiappa é ainda escritora de romances eróticos, sob o pseudónimo Marie Minelli. A edição da Playboy com a política na capa sairá a 8 de abril.