Quase metade das cerca de 15 mil vítimas ajudadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítimas (APAV) em 2022 foram alvo de crime continuado, em 15% dos casos durante dois a três anos.
De acordo com os dados do relatório anual, com as estatísticas relativas a 2022, a APAV apoiou 14.688 vítimas diretas de crimes, com os crimes contra as pessoas, como a violência doméstica ou os crimes sexuais, a representarem 94% dos crimes registados.
Entre este universo de vítimas, quase metade, ou seja, 7.203 pessoas (49,1%), foram alvo de crime continuado, sendo que a sua principal duração se situou entre os dois e os três anos (15,6%).
Houve também 18 pessoas que foram vítimas de crimes durante 50 anos, além de outras 245 que sofreram vitimação entre 31 e 50 anos, 265 entre 21 e 30 anos ou 666 entre 12 e 20 anos.
Segundo a APAV, “as relações entre autor e vítima são comummente pautadas por relações de intimidade”, sendo que em 14,5% dos casos vítima e agressor são casados. No entanto, a intimidade afere-se também com casos entre companheiros, ex-cônjuges ou namorados.
“Em 2022, as relações de intimidade que chegaram ao conhecimento da APAV totalizaram, no seu conjunto, 41% (6.077) das relações estabelecidas entre autor/a do crime ou de outras formas de violência e vítima”, lê-se no relatório.
A associação refere igualmente que as relações familiares de consanguinidade têm um peso significativo, dando como exemplo os casos em que a vítima é filho do autor do crime (9,3%) ou progenitor do agressor (5,7%).
“Enfoque especial nas agressões perpetradas pelo/a pai/mãe que, de 2019 (804; 6,8%) para 2022 (1.381; 9,3%), aumentaram aproximadamente 71,8%”, refere a APAV.
Por outro lado, a associação destaca que as agressões entre colegas de escola ou de trabalho “têm vindo a aumentar”, apontando que se em 2020 representavam 1% dos casos, em 2022 subiram para os 2%.
“Desta forma, de 2020 a 2022, as agressões perpetradas por colegas de escola/trabalho que chegaram ao conhecimento da APAV aumentaram 134%”, destaca a organização.
A associação fez 83.322 atendimentos em 2022, mais 25,5% do que em 2021, apoiando diretamente 16.824 pessoas.
Segundo a APAV, estes números revelam que durante o ano passado, a associação atendeu, em média, todas as semanas 157 mulheres, 50 crianças e jovens, 30 homens e 29 idosos, o que representa igualmente 40 vítimas por dia.