A secretária do Tesouro dos Estados Unidos disse esperar que a economia do país se mantenha em crescimento, apesar da crise do setor bancário ter aumentado os receios de uma recessão nos próximos meses.
“Continuo a acreditar que a economia dos EUA cresça, que o mercado de trabalho se mantenha forte, e que a inflação desça”, disse Janet Yellen, numa entrevista à agência de notícias France-Presse.
O comentário acontece depois do presidente executivo do JPMorgan, Jamie Dimon, ter alertado que a atual crise não está terminada e que continuará a ser sentida nos próximos anos. Yellen limitou-se a dizer que garante que os depósitos estão seguros e promete monitorizar as condições do sistema bancário.
US Treasury Secretary Janet Yellen expects the world's biggest economy will continue to grow, despite heightened recession concerns following recent turmoil in the banking sectorhttps://t.co/YHnNFnrESI pic.twitter.com/UUIch6lFbs
— AFP News Agency (@AFP) April 8, 2023
Reforma no Banco Mundial
Lançada no outono passado, a reforma do Banco Mundial deverá permitir à instituição emprestar mais 50 mil milhões de dólares (45,5 mil milhões de euros) durante a próxima década, assume a secretária de Estado do Tesouro. Nos encontros marcados para a próxima semana, pode ser anunciada “a expansão da capacidade financeira” do Banco Mundial.
Isto vai implicar mudanças “que poderão resultar em 50 mil milhões de dólares [45,5 mil milhões de euros] em capacidade de empréstimo suplementar durante a próxima década, o que representa “um aumento significativo dos recursos” e “um de 20% no nível de empréstimo do BIRD”, o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento, filial do BM.
Os anúncios vão ser feitos na próxima semana, durante as reuniões de primavera, em Washington, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do BM, indicou.
Quase a cumprir 80 anos, a instituição, saída da conferência de Bretton Woods, em julho de 1944, no final de Segunda Guerra Mundial, deve procurar uma resposta melhor às necessidades de financiamento dos países em desenvolvimento.
Por outro lado, a missão do BM vai ser atualizada “para acrescentar o reforço da resiliência contra as alterações climáticas, as pandemias, os conflitos”, sublinhou.
“Estes desafios não são separados ou contraditórios, mas sim interligados”, insistiu Yellen, afirmando esperar que um novo anúncio seja feito nas reuniões de primavera do FMI e do BM: “O modelo operacional do banco será atualizado para o alinhar com os objetivos que fixámos”.
Isto inclui várias coisas, pormenorizou Yellen, mencionando “a integração dos desafios mundiais nas ferramentas de diagnóstico, as estratégias de parceira com países ou um quadro orientado para os resultados e a criação de mais incentivos para a mobilização de capital de países e privados”.
Este é o “início de um processo de reforma”, saudou Yellen, que espera ver mais “até ao final do ano”, com anúncios “nas próximas reuniões do G20 e na reunião anual do FMI e Banco Mundial em Marrocos” no próximo outono.
O BM também vai mudar de presidente até ao final de junho, na sequência da demissão de David Malpass, cujo sucessor só deverá ser conhecido no início do próximo mês. Mas, até agora, só um candidato está na corrida: Ajay Banga, de 63 anos, um norte-americano de origem indiana, apresentado pelos Estados Unidos, com experiência em projetos público-privados.
“Presumo que Ajay Banga será eleito presidente, e ele dará continuidade a este processo”, disse a secretária norte-americana, acrescentando pensar que o candidato “compreende como a gestão destes desafios globais está ligada ao fim da pobreza extrema, e mostrará capacidade para conduzir o BM numa nova direção”.
Outra questão importante a ser discutida em Washington na próxima semana é a reestruturação da dívida soberana dos países pobres, que contraíram empréstimos para as despesas relacionadas com a Covid-19 e deparam-se agora com a subida das taxas de juro. “Haverá uma mesa redonda global sobre dívida soberana na próxima semana”, comentou. Entre os principais credores está a China, acusada de falta de vontade de reestruturar estas dívidas.
“Temos visto algum movimento por parte da China para participar na reestruturação da dívida do Sri Lanka, o que é um sinal de esperança”, considerou.
O apoio económico à Ucrânia também será discutido.