O primeiro-ministro desvalorizou esta quarta-feira as previsões do FMI para o crescimento da economia portuguesa, que são mais pessimistas do que as expectativas do próprio Governo e do Banco de Portugal, dizendo que desde que está à frente do Governo a realidade tem “superado as previsões“.

“As previsões são as previsões. Aquilo que nós temos verificado, felizmente, desde que eu sou primeiro-ministro, é que a realidade tem superado as previsões, mesmo as mais otimistas, que tendem a ser as do Governo. Ainda no ano passado tivemos um crescimento económico superior àquele que o próprio Governo tinha”, disse António Costa em declarações aos jornalistas portugueses, transmitidas pela RTP, a partir de Seul, na Coreia do Sul, onde se encontra para uma visita de dois dias destinada a reforçar a cooperação económica com aquele país.

“Nós não vivemos de previsões, vivemos de resultados“, acrescentou. “Para isso é fundamental que Portugal mantenha esta trajetória de estabilidade, que incentiva o crescimento.”

O Fundo Monetário Internacional divulgou esta terça-feira as suas previsões para a economia portuguesa, apontando para um crescimento económico de 1% em 2023. Embora seja uma previsão superior à apresentada pelo FMI em outubro do ano passado (de apenas 0,7%), trata-se de uma previsão mais pessimista do que o crescimento de 1,3% previsto no Orçamento do Estado para 2023 e do que o crescimento de 1,8% previsto pelo Banco de Portugal.

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Mas, para António Costa, a previsão mais pessimista do FMI não é preocupante. “As previsões do FMI tendem sempre a ser mais pessimistas do que a realidade da economia. Pelo menos foi assim em 2016, 2017, 2018, 2019, por aí fora. Não quer dizer que seja matemático, que seja sempre melhor”, disse, acrescentando, contudo, que “todos os indicadores que temos relativamente ao desempenho da economia dão-nos razões para estarmos confiantes quanto a que, mais uma vez este ano, a nossa economia vai superar as más perspetiva que às vezes surgem”.

O primeiro-ministro sustenta que Portugal tem de “continuar a ter elevados níveis de investimento privado“.

“Continuamos com o emprego em máximos, e isso é o que tem permitido um crescimento sustentado, que fez com que depois de 16 anos de estagnação, Portugal tenha todos os anos, com exceção de 2020, com o drama da pandemia, continuado a crescer sempre acima da média europeia e essa é a meta que temos de continuar a ter para nos aproximarmos dos países mais desenvolvidos da União Europeia”, afirmou ainda.

Instabilidade governativa? “Não vou comentar comentadores”

Questionado pelos jornalistas sobre se a “instabilidade governativa” no país, provocada pela controvérsia em torno da comissão parlamentar de inquérito à TAP, pode ameaçar a estabilidade económica que o primeiro-ministro quer preservar, António Costa recusou comentar o que dizem os comentadores políticos.

“Não vou comentar os comentadores sobre estabilidade. Sobre estabilidade só uma fonte que eu posso verdadeiramente citar, que são os portugueses”, disse Costa. “Quando lhes foi perguntado se queriam estabilidade ou instabilidade, disseram de forma inequívoca que queriam estabilidade.

Costa recusou também comentar a comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, dizendo que é necessário aguardar pelas conclusões da investigação.

Questionado sobre se os portugueses não merecem explicações do Governo sobre o que se está a passar (sobretudo depois da polémica em torno de uma reunião secreta antes da audição da CEO da TAP), Costa disse apenas que os portugueses “merecem respeito pelas instituições” e assegurou que, depois de o Parlamento ter decidido criar uma comissão de inquérito, é agora necessário “respeitar que a comissão faça o seu trabalho e tire as suas conclusões“.