O futebol é emoção. Pode depois falar-se nas nuances táticas, das vertentes técnicas, da parte emocional, da questão física mas futebol é e será sempre emoção. Por isso, o Juventus-Nápoles que funcionava como uma espécie de último teste ao líder fica resumido às lágrimas de um pai e um filho, numa zona mais abaixo da bancada central do Allianz Stadium, a chorarem de forma convulsiva com os capuzes dos casacos na cabeça para evitarem a chuva que mais parecia também as lágrimas de Diego Armando Maradona. Depois de um final de jogo eletrizante onde esteve por duas vezes em risco de passar para trás do marcador, o conjunto do sul de Itália ganhou no terceiro minuto de descontos em Turim e é praticamente campeão da Serie A.

O jogo em si puxara esse estado de emoção: depois de uma primeira parte com oportunidades junto das duas balizas mas sem golos entre vários protestos com o árbitro por lances mais duros até sem bola que não foram sancionados, a Juventus só por milagre não começou a perder com Osimhen a acertar no poste naquela que foi a melhor chance do Nápoles após o intervalo e o Nápoles só por milagre não começou a perder com Ángel Di María a ver um golo anulado pelo VAR por uma falta inicial de Milik sobre Lobotka e Vlahovic a marcar na primeira vez que tocou na bola mas com Chiesa a fazer a assistência fora de campo por pouco.

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Estávamos no primeiro minuto de descontos mas a história, ou “a” história, estava ainda por contar: numa jogada onde foi notório o desgaste físico de todos os intervenientes que tinham jogado para as competições europeias a meio da semana, Raspadori surgiu de forma oportuna ao segundo poste, encheu o pé e disparou um míssil que passou pelas pernas de Szczesny e fez o 1-0 final (90+3′). Gerou-se uma confusão junto da zona onde os jogadores de campo e suplentes napolitanos festejavam, Allegri ameaçou sair da zona técnica para o balneário mas tudo acabou por serenar menos as celebrações dos adeptos napolitanos, que passaram ao lado da chuva que caía com cada vez maior insistência e fizeram-se ouvir alto em bom em Turim.

Na parte do estádio destinada aos adeptos visitantes, que ficava na baliza contrária ao golo que decidiu de vez a Serie A mesmo que ainda não de forma matemática, havia um completo delírio que aumentou após o apito final quando os jogadores rumaram a esse setor. Contas feitas, caso a Lazio não vença o Inter na próxima jornada, o Nápoles pode ser já campeão caso ganhe em casa à Salernitana de Paulo Sousa. 33 anos depois, quando Diego Armando Maradona catapultava uma equipa que andava sempre atrás dos principais rivais do norte do país, o sul do país já está em festa antecipada por um feito histórico que parece ter apagado toda a frustração da eliminação nos quartos da Liga dos Campeões frente ao AC Milan esta semana.