Chamam-lhe Arcturus, mas o nome técnico é XBB.1.16, uma subvariante da Omícron. Esta nova combinação do vírus da Covid-19, que começou a surgir em força na Índia, já se espalhou por 34 países, Portugal incluído, estando a tornar-se rapidamente a dominante, já que se transmite mais facilmente. No Reino Unido, já morreram cinco pessoas e o Arcturus traz uma novidade: quando afeta as crianças, um dos sintomas é comichão nos olhos ou mesmo conjuntivite.
Na Índia — onde o aumento dos casos levou a repensar as medidas de proteção, recuperando algumas delas — foi o pediatra Vipin Vashishtha, antigo chefe do Comité de Imunização da Academia Indiana de Pediatria, que chamou a atenção para o surgimento de “um fenótipo infantil” da variante logo no início do mês de abril.
“Nos últimos dois dias, comecei a receber casos pediátricos de Covid, de novo, depois de um intervalo de 6 meses! Um fenótipo infantil parece estar a surgir — bebés tratados com febre alta, resfriado e tosse e conjuntivite não purulenta e coceira com olhos pegajosos, não observados em ondas anteriores”. escreveu no Twitter.
XBB.1.16 #Arcturus
For the last 2 days, have started getting pediatric Covid cases once again after a gap of 6 mo! An infantile phenotype seems emerging—treated infants w/ high fever, cold & cough, & non-purulent, itchy conjunctivitis w/ sticky eyes, not seen in earlier waves pic.twitter.com/UTVgrCCLWU
— Vipin M. Vashishtha (@vipintukur) April 6, 2023
No entanto, à medida que se está a espalhar pelo globo, chegando a Singapura, Austrália ou Estados Unidos — o sintoma, que era raro nas estirpes anteriores (embora pudesse acontecer), parece agora ser um dos mais frequentes, inclusive em adultos. Além dos olhos, os sintomas do Arcturus incluem febre alta e tosse.
No relatório de 18 de abril, o mais recente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), o XBB já era apontado como o vírus dominante em Portugal. “Desde a semana um de 2023, tem-se registado um marcado aumento de circulação da sub-linhagem recombinante XBB (e suas descendentes), a qual se tornou dominante em Portugal na semana 10″, lê-se no documento. Nas semanas 13 e 14 a sua frequência era de 82,6%.
Estas sublinhagens, alertou o Insa, “apresentam constelações de mutações potencialmente associadas à resistência a anticorpos neutralizantes”, ou seja, a sua “maior transmissibilidade poderá dever-se a uma maior capacidade de evasão ao sistema imunitário”.
Desde 22 de março, que a Organização Mundial da Saúde considera esta uma “variante sob monitorização”.