O momento foi captado pelas lentes das câmaras fotográficas que estavam apontadas para eles desde o início do jogo. No momento em que soou o apito final da vitória frente ao Boreham Wood, no instante em que ficou confirmado que o Wrexham iria subir de escalão pela primeira vez em 15 anos, Rob McElhenney e Ryan Reynolds olharam um para o outro. O primeiro levou a mão à cara, para conter as lágrimas, e o segundo pôs a mão na cabeça. Afinal, tinham acabado de conseguir aquilo a que se propuseram há menos de três anos.

Este sábado, com um triunfo em casa com direito a reviravolta, o Wrexham chegou aos 110 pontos na liderança da National League e carimbou a subida à League Two quando ainda falta disputar a derradeira jornada. A equipa do País de Gales regressa assim ao futebol totalmente profissional pela primeira vez desde 2008 e a dupla de atores norte-americanos, que adquiriu o clube no final de 2020 e desde então tem empreendido uma verdadeira revolução na cidade, atingiu o objetivo inicial de um “projeto para várias décadas”.

“Ainda não sei se consigo processar o que aconteceu esta noite. Ainda estou sem palavras. Aquilo que está a passar-me pela cabeça ao longo disto tudo é que, no início, as pessoas perguntaram sempre ‘porquê o Wrexham, porquê o Wrexham?’. É exatamente por isto que foi o Wrexham. Aquilo que está a acontecer agora é o porquê”, explicou Ryan Reynolds, que em conjunto com Rob McElhenney desceu ao relvado no final da partida para celebrar com toda a equipa, levantar o troféu e até ter direito a uma medalha de campeão.

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“Acho que é possível perceber o quanto isto significa para toda a cidade e isso é o mais importante para nós. Acho que este é um momento de catarse para eles. Ser acolhido por esta comunidade, ser acolhido por esta experiência, tem sido o momento mais importante da minha vida”, acrescentou McElhenney, visivelmente impressionado com a invasão de campo motivada pelos adeptos após o apito final, numa festa que se prolongou por toda a noite nos pubs da cidade.

Dois atores, um clube, o sonho: a história do Wrexham, o histórico do País de Gales que está a viver um filme de Hollywood

A ideia de que o Wrexham poderia carimbar a promoção já este fim de semana era clara e proporcionou uma corrida ao jogo e à cidade: os hotéis estavam totalmente lotados, os cafés e bares estavam cheios e o fluxo de adeptos provenientes dos Estados Unidos era visível. Incluindo o também ator Paul Rudd, amigo dos dois proprietários que já tinha marcado presença noutros jogos ao longo da temporada e que não faltou à partida decisiva.

Agora, e no tal “projeto para várias décadas” onde o sonho da Premier League nunca é propriamente escondido, segue-se a League Two. O objetivo primordial será naturalmente assegurar a manutenção e evitar uma nova descida ao quinto escalão: algo que terá de ser acautelado no próximo mercado de transferências, onde o Wrexham irá procurar reforçar posições-chave como a baliza, onde o veterano Ben Foster irá provavelmente regressar à reforma que interrompeu em janeiro.

Mas a próxima época está repleta de entusiasmo no clube galês. Para além do sucesso da equipa masculina, a equipa feminina conseguiu subir à Primeira Divisão do País de Gales e tem quebrado recordes de assistência em praticamente todos os jogos em casa. Um novo ginásio de performance foi estreado nas últimas semanas e o verão vai assistir ao início das obras no Racecourse Ground para que o estádio possa voltar a receber encontros da seleção galesa. Pelo meio, estreia a segunda temporada de “Welcome To Wrexham” na Disney+ — com destaque para o episódio gravado este sábado.