Professores de todo o país iniciam esta segunda-feira em Lisboa um novo acampamento contra as políticas do Ministério da Educação, no dia em que a greve distrital convocada por uma plataforma de nove sindicatos chega a Santarém.
Iniciativa de um grupo de profissionais de educação que se organizam através das redes sociais, o acampamento de professores que esta segunda-feira começa deverá manter-se até 1 de maio.
Previsto para o Largo do Carmo, em Lisboa, o acampamento inicia-se esta segunda-feira no Rossio para não colidir com outras manifestações previstas para aquele espaço para assinalar o 25 de Abril, fixando-se ali a partir de terça-feira.
“Neste momento, mais de 200 professores já disseram que iriam participar no acampamento, que começa na noite de 24 para 25 de abril. Gostaríamos que o acampamento fosse no Largo do Carmo, dado o simbolismo do sítio e da data”, contou recentemente à Lusa a docente Helena Vicente Gomes.
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Durante o acampamento, os professores vão promover vigílias e participar noutras iniciativas, como a manifestação nacional do 25 de Abril.
Simultaneamente, a plataforma sindical que inclui a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional de Educação (FNE) leva esta segunda-feira a greve distrital, que começou na última segunda-feira no Porto, até Santarém.
Os docentes realizam uma concentração ao meio-dia junto à Escola Secundária Ginestal Machado e outra às 15h00 junto à Escola Prática de Cavalaria, de onde saem para nova concentração no Largo do Seminário.
A paralisação — que vai percorrer todos os distritos por ordem alfabética inversa, de Viseu a Aveiro — termina em 12 de maio em Lisboa.
Os protestos desta segunda-feira surgem após um fim de semana de manifestações da classe docente.
No sábado, o movimento “Missão Escola Pública” organizou um protesto nos aeroportos portugueses para “mostrar aos turistas que, apesar de o país ser maravilhoso, não tem uma escola pública valorizada”.
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No aeroporto do Porto, várias dezenas de professores lançaram aviões de papel e distribuíram postais de boas-vindas aos turistas com mensagens como “Portugal lovely place to visit, terrible place do live” (“Portugal, um país lindo para visitar, terrível para viver”), “SOS Portuguese schools in danger” (“SOS Escolas portuguesas estão em perigo”) ou “Welcome do the country where teachers are becoming slaves” (“Bem-vindo ao nosso país, onde os professores estão a tornar-se escravos”).
No domingo, uma marcha convocada por um grupo de professores do Norte mobilizou milhares de pessoas que gritaram “demissão” no Porto junto ao local onde o Partido Socialista celebrava o seu cinquentenário.
A marcha juntou milhares de pessoas de vários setores, da educação ao alojamento local, passando pela justiça junto ao Pavilhão Rosa Mota.
A recuperação de todo o tempo de serviço que esteve congelado durante a crise económica é um dos principais motivos dos protestos e greves dos professores, que criticam ainda os estrangulamentos de acesso aos 5.º e 7.º escalões e as quotas nas avaliações.