A chegada a Inglaterra não foi propriamente a mais feliz, a continuidade apagou essa má imagem inicial, o tempo acabou por apagá-lo a ele mesmo. No entanto, e até à derrota do Chelsea com o Arsenal, João Félix era mais vítima de uma autêntica lei de Murphy que continua a varrer o clube do que propriamente culpado por não ter mais minutos. E fazia sentido: no início de maio, ao quarto treinador da época (terceiro desde que o português chegou a Londres), os blues não têm uma ideia de jogo e um sistema tático consolidados e vão navegando ao sabor das marés enquanto se afundam mais. Agora, Frank Lampard, o último técnico a ser chamado para segurar no barco até ao final da temporada, visou também o jovem avançado.

Gastaram mais de 600 milhões para entrarem na história. Estão quase: este é o pior Chelsea de sempre (e agora foi “atropelado” pelo Arsenal)

“Não há dúvidas de que ele é um grande talento. Isso vê-se diariamente nos treinos, nos momentos em que ele pode fazer a diferença no ataque. Preciso mesmo de encontrar uma estrutura e uma ideia claras para a maneira como trabalhamos sem bola e esse é um desafio com o João. Se lhe perguntar, ele também não tem uma resposta definitiva sobre onde quer jogar. Às vezes isso pode ser uma vantagem, mas como ele não é um 9 puro, preciso de algo que se pareça a isso, para a maneira como quero jogar. Essas são as coisas que o João precisa de mostrar, seja aqui ou onde quer que seja o futuro dele”, começou por comentar o técnico antes daquela que seria a sexta derrota consecutiva desde que assumiu o comando do Chelsea.

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“Enquanto treinador, conto com as coisas que os jogadores me dão. O imenso talento é uma coisa que talvez tenhamos tido ou não, mas ele também precisa de ter ética de trabalho. Não estou a dizer que ele não tem isso, até porque trabalhou com o [Diego] Simeone, um treinador que exige muito jogo coletivo, mas ao mesmo tempo para encontrar o caminho aqui ele tem de entender a curto prazo o que quero. Aí ele poderá mostrar o seu talento, uma vez que ele faz as outras coisas”, acrescentou o treinador inglês à Sky Sports, numa ideia que já tinha sido manifestada também pelo argentino do Atl. Madrid antes da saída do jogador.

Coincidência ou não, mesmo estando a perder ao intervalo por 3-0, Lampard lançou unidades ofensivas na equipa como Havertz, Mudryk ou Ziyech mas deixou João Félix no banco sem minutos pela primeira vez desde que chegou a Londres em janeiro por empréstimo dos colchoneros, naquele que é o momento menos conseguidos em termos pessoais em Londres de uma passagem que não está a deixar saudades: após ter sido expulso na estreia com o Fulham, o que lhe valeu três jogos de castigo, o avançado marcou no jogo de regresso frente ao West Ham um dos dois golos pelos blues (1-1) mas deixou de ser titular a partir da derrota em Madrid. Com Brighton, Real e Brentford foi suplente utilizado, agora nem isso.

Neste contexto, o futuro de João Félix é cada vez mais uma incógnita. A hipótese de voltar ao Atl. Madrid, com quem tem um contrato de longa duração, não se coloca a partir do momento em que os colchoneros já preparam a nova temporada com Diego Simeone no comando (algo que a meio da temporada não estava certo). Ao mesmo tempo, a situação no Chelsea não está fácil, com o clube a ter necessariamente de rever custos e políticas de contratação depois do descalabro a partir de janeiro após o investimento de 300 milhões de euros no mercado. Em paralelo, o “trampolim” que podia ter sido o Mundial, onde o avançado foi um dos melhores, também passou de prazo sem que o jogador tirasse dividendos a não ser este empréstimo ao clube londrino. Assim, a escolha do novo treinador dos blues poderá ser a chave para o português.