Foi uma das histórias da semana. Na quarta-feira, no empate da Roma contra o Monza, José Mourinho levou um microfone escondido para o relvado com o objetivo de gravar todas as interações que tivesse com a equipa de arbitragem. Revelou isso mesmo na conferência de imprensa depois do final do jogo, aproveitando para deixar críticas àquele que descreveu como “o pior árbitro” que encontrou em toda a carreira.
“Não sou estúpido. Fui para o jogo com um microfone e gravei tudo desde o momento em que saí do balneário até voltar para lá. Tinha de me proteger. As pessoas dizem que nunca ganho com o Daniele Orsato, mas prefiro tê-lo a ele em todos os jogos, porque ele está sempre no controlo. Não age de forma agressiva, é calmo. O Daniele Chiffi não tem muito de árbitro. Tem o talento de se irritar e é isso. Mas isso vai contra a natureza de um árbitro, que tem de ser o total oposto. O árbitro não influenciou o resultado, mas um segundo cartão amarelo aos 90+6′ permite-te perceber tudo”, explicou o treinador português.
As declarações de Mourinho, porém, não caíram bem a praticamente ninguém. O jornal Corriere dello Sport adiantou que o Ministério Público italiano está a investigar as acusações do treinador, num processo que pode também envolver a própria Roma, e a Associação Italiana de Treinadores Futebol condenou desde logo as palavras do português.
“As declarações de José Mourinho são graves e inaceitáveis. Admitir que foi para o banco com um microfone para gravar as conversas entre ele e a equipa de arbitragem, alegando ser para a própria defesa, é algo que coloca em causa as fundações de todo o sistema do futebol. Alguém com tanto carisma devia ter noção da responsabilidade que tem”, defendeu Renzo Ulivieri, o presidente do organismo.
Stadio Olimpico. ????
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— AS Roma English (@ASRomaEN) May 6, 2023
Era neste contexto e depois de ter caído para o 7.º lugar da Serie A que a Roma recebia este sábado o Inter Milão no Olímpico. Os nerazzurri precisavam de vencer para garantir que ficavam à frente do AC Milan e na luta pelo segundo lugar e os giallorossi tinham de ganhar para manter o objetivo do apuramento para as competições europeias da próxima temporada — tudo isto numa semana em que o Nápoles, ao empatar com a Udinese, conquistou a liga italiana 33 anos depois da última vez.
O Inter Milão foi a vencer para o intervalo, com Dimarco a abrir o marcador à passagem da meia-hora: Brozovic apareceu no corredor central, abriu na direita em Dumfries e o lateral neerlandês cruzou rasteiro para o poste mais distante, onde o italiano apareceu a finalizar uma bela jogada coletiva da equipa de Simone Inzaghi (33′).
Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo, com o jogo a aparecer na segunda parte tal e qual àquilo que tinha sido no primeiro tempo: mastigado, atrapalhado por muitas paragens e com um ascendente do Inter na posse de bola e da Roma nas ocasiões perigosas junto à baliza adversária. Inzaghi foi o primeiro a mexer e já à passagem da hora de jogo, trocando Dumfries e Correa por Bellanova e Lautaro, e Mourinho respondeu a cerca de 20 minutos do fim ao lançar Dybala para o lugar de Bove.
Um erro de Ibañez, porém, deitou tudo a perder. O central intercetou um passe longo mas ofereceu a bola a Lautaro, que deixou Lukaku completamente isolado e viu o avançado belga atirar sem hipótese para Rui Patrício (75′). Mourinho ainda lançou Tammy Abraham e os jovens Tahirovic, Missori e Pisilli, mas já nada mudou: a Roma somou o quarto jogo consecutivo sem vencer e mantém-se no 7.º lugar da Serie A, dificultando novamente a corrida pelas competições europeias.