O Presidente da República voltou a recusar, este sábado à noite, comentar a crispação com o primeiro-ministro, António Costa, tal como tinha feito este início de tarde em Londres. “Disse o que tinha a dizer, não tenho nada a acrescentar. O que tinha a dizer está dito, não vejo vantagem em falar”, refere Marcelo Rebelo de Sousa.
Contudo, questionado pelos jornalistas à margem de uma visita à sede do Banco Alimentar Contra a Fome em Lisboa, o Chefe de Estado sugere que o facto de não responder às questões já “deve merecer reflexão“, uma vez que, no passado, estava “mais habituado” a responder mais vezes às perguntas que lhe eram colocadas.
“O que disse foi dito de uma forma muito clara, não tenciono voltar a pisar o tema”, vinca Marcelo Rebelo de Sousa, indicando que os “portugueses têm uma grande vantagem”: “Têm nove séculos de História, já viram tudo, perceberam muito bem”. “Acho que ficou explícito, não vou nem hoje, nem na semana que vem nem nas próximas semanas comentar o que disse”, reforçou.
O Chefe de Estado diz ainda que, à luz da Constituição, assume-se com o papel de “fusível de segurança último em termos políticos”, salvaguardando as instituições políticas.
Na visita ao Banco Alimentar, Marcelo Rebelo de Sousa comenta ainda a situação económica, salientando uma “situação estranha”. “Apesar dos”grandes números” que são melhores “do que muitos países” — como o crescimento do turismo, das exportações e dos investimentos externos —, a procura interna “desceu no primeiro trimestre”.
Assinalando que é fulcral recuperar o poder de compra dos portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa analisa a subida de taxas de juros do Banco Central Europeu, que se deveu, explica, aos sinais mistos da conjuntura macroeconómica. Além disso, o Presidente da República considera que, face aos sinais económicos, os “aumentos salariais” e “outras ajudas pontuais aos mais carenciados” devem “prolongar-se ou repetir-se no tempo”.
O Presidente salientou que é preciso “esperar que a inflação desça” e defende que “o crédito à habitação deve provocar uma reflexão mais dia menos dia”, porque a maior parte dos portugueses é detentor de crédito para a casa. Sobre a economia portuguesa, destacou ainda “os números são positivos mas o dia a dia ainda não é”.
Comentando a guerra na Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que Portugal desempenha o papel de uma “plataforma importante de diálogo”, recebendo vários países, incluindo aqueles que “têm posições distanciadas mas não menos preocupadas” com o conflito, tais como a China ou o Brasil.
“Somos aliados da Ucrânia, somos aliados da NATO, somos aliados da União Europeia. Mantemos diálogo com tudo o que possa ajudar a construir a paz”, conclui o Presidente da República.