O governo espanhol vai ajudar os jovens e as famílias com menores rendimentos a “superar aquele muro intransponível chamado ‘entrada inicial'”, que impedem as famílias com menores poupanças e rendimentos de aceder à compra de casa. Essas pessoas vão “finalmente ser capazes de comprar casas decentes”, indicou o chefe do Governo, Pedro Sánchez, num comício do PSOE a poucos dias de começar a campanha para as eleições regionais.

A medida que deverá sair do Conselho de Ministros desta terça-feira, em Espanha, implica que o Estado preste garantias públicas (avales) “até 20%” do valor dos empréstimos para quem tem até 35 anos de idade, está a comprar casa pela primeira vez e tem um rendimento anual inferior a 37.800 euros. Sem limite de idade, quem tem filhos menores e rendimentos anuais inferiores ao mesmo valor também pode candidatar-se.

Pedro Sánchez e o seu governo não revelam estimativas sobre quantas famílias poderão recorrer, mas segundo o El País em Espanha há 16,6 milhões de trabalhadores que têm vencimentos inferiores a 36.500 euros por ano, um valor semelhante à fasquia definida pelo Governo para a nova medida.

Esta é a proposta do governo do PSOE para facilitar o acesso a crédito a quem não tem poupanças suficientes para dar a entrada inicial. Sobretudo desde que o BCE (e os outros bancos centrais) colocaram as taxas de juro em mínimos históricos, sobretudo a partir de 2012, os mesmos bancos centrais criaram medidas para limitar os riscos associados ao endividamento excessivo.

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Tanto em Espanha como em Portugal, criaram-se limites ao financiamento máximo face ao valor da habitação. Isso significa que quem quer comprar casa com crédito bancário tem de conseguir entregar uma percentagem inicial, 10% no mínimo, para que o banco lhe conceda o financiamento. Tendo de se somar a essa entrada os custos da escritura e os impostos, esta torna-se um requisito impossível para muitas famílias, sobretudo jovens.

“Juros baixos são maus para os jovens que não têm pais ricos”

O Observador noticiou, logo em 2018, que alguns bancos estavam a dar créditos pessoais (mais caros para o cliente) para contornar esta limitação. Em 2022, esta prática voltou a ser notícia, depois de vários anos em que alguns bancos fintaram assim os limites ao endividamento.

Não tem “entrada”? Não tem problema. Como os bancos fintam os limites ao endividamento na compra de casa

Numa altura em que o acesso à habitação está no topo das prioridades dos espanhóis, Pedro Sánchez compara a necessidade de agir na área da habitação com a emergência que houve na resposta à Covid-19. “Na emergência sanitária lançámos apoios para as empresas e para as famílias” mas agora vive-se, disse Pedro Sánchez, uma “emergência habitacional”. Por isso, “estamos a apoiar os nossos jovens e as famílias com filhos menores”, afirmou o líder do governo espanhol.