Siga neste liveblog a audição de Humberto Pedrosa na comissão de inquérito à TAP

Humberto Pedrosa assume que era um investidor da TAP diferente de David Neeleman. “Ele era investidor, entrou para fazer uma mais valia num determinado espaço de tempo. Eu sou empresário. Vejo as companhias a longo prazo. Podia ter saído na altura, quando saiu o senhor David Neeleman. Tive sempre a expectativa que a pandemia não se alongasse por muito tempo. Gostava da TAP e apostava muito na TAP, tentei ficar e fiquei até ser possível ficar”, assume na comissão parlamentar de inquérito à TAP, audição que começou com uma hora de atraso depois da discussão em torno do tempo que iria demorar as perguntas de cada grupo parlamentar e perante a discórdia dos partidos da oposição Seguro Sanches deixou os trabalhos.

Tempo de audição de cada inquirido leva a embate na comissão. Seguro Sanches abandona trabalhos e deixa dúvida sobre a sua continuidade

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Depois de se ter decidido, já sem Seguro Sanches, pela grelha mais longa, Humberto Pedrosa explicou que ficou na TAP até poder e que saiu com prejuízo. Meteu 5 milhões em capital e 12,5 milhões em prestações acessórias. Já David Neeleman colocou 5 milhões em capital. A restante capitalização de 226 milhões foi feita através dos fundos Airbus, um negócio de troca de aviões feito “diretamente” por David Neeleman com a Airbus.

Primeiro apelidou de empréstimo, mas perante a pergunta de Mariana Mortágua, Humberto Pedrosa deixou a interrogação: “doação?”

“Esse dinheiro era da Airbus e deu a Neeleman para capitalização da TAP. Tem a ver com pacote do negócio com a Airbus. Foi feito pelo senhor Neeleman, que fez com Airbus. Diretamente com a Airbus. E perante a dimensão do negócio e perante a expectativa que a Airbus tinha de mais tarde continuar a vender aviões à TAP, a Airbus disponibilizou 226 milhões para capitalização da TAP. Não foi para o senhor Neeleman”. A negociação não teve o envolvimento do sócio português. Até porque, diz, só soube dos fundos Airbus mais tarde, sem concretizar a data precisa.

Às questões de Mariana Mortágua, Humberto Pedrosa diz que entrou com fundos próprios na TAP e que não teve conhecimento sobre a negociação dos chamados fundos Airbus. Mortágua contrapõe, e diz que a proposta feita pela Atlantic Gateway em maio de 2020 já referia os fundos Airbus, e que essa referência desaparece na proposta de junho, para depois voltar a surgir como “grande inovação”. “Não sei explicar”, responde Humberto Pedrosa.

Esse dinheiro, diz, continuam na TAP.

O empresário português desconhece qualquer comissão paga pela Airbus ao empresário David Neeleman. “Só sei que a Airbus se prestou a ajudar na capitalização da TAP e que os 226 milhões pagos a Neeleman seriam encaminhados para a TAP”. E assume que foram feitas análises por entidades independentes e não parece que tenha havido irregularidades e indicaram que estava tudo normal.

Depois saiu sem nada, enquanto David Neeleman saiu com 55 milhões de euros. Humberto Pedrosa explica-o pela expectativa que ainda tinha de a pandemia terminar num curto espaço de tempo. Podia ter saído quando Neelema saiu, “mas tive a expectativa de que a pandemia não se alongasse muito. Como gostava da TAP, tentei ficar, fiquei até ser possível. Quando vi que não havia condições para continuar, saí com prejuízo”. Além de ter perdido 5 anos. “Não chorei o dinheiro que lá ficou”, assumiu, mais tarde na audição, dizendo não sentir que foi escorraçado da TAP. “A estratégia do Governo era uma estratégia que não contava comigo. E não contava comigo, eu não estava ali a fazer nada. A minha decisão foi tardia”.

O acordo de 55 milhões foi feito por Neeleman com o governo, com Ministério das Infraestruturas. “As negociações não foram comigo, foi um acordo entre as partes”, dizendo que haveria “vontade, bastante vontade, de afastar o senhor David Neeleman”. E acrescenta que o “Estado chamou a si gestão da crise e as conversações com Bruxelas e Neeleman pensou ‘o que estou aqui a fazer?’”. “Na gestão da crise, o Estado quis assumir essa gestão. E por isso David Neeleman pôs à disposição a saída dele”.

Humberto Pedrosa acabou por sair com o plano de reestruturação. “Se eu tivesse tinha posto mil milhões. É uma grande companhia, uma grande marca e futuramente vai ser uma grande companhia, precisa é de ter uma boa gestão”.