O bispo de Leiria-Fátima mostrou-se esta sexta-feira confiante de que, muito em breve, sejam conhecidos os pormenores da visita do Papa a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em concreto para a deslocação prevista ao Santuário de Fátima.
“O importante é a decisão do Papa de vir a Fátima (…), os detalhes desse encontro estão ainda em estudo (…). É uma questão que não pode demorar muito, até pelo tempo que urge para se prepararem as coisas“, disse José Ornelas, em conferência de imprensa em Fátima, no âmbito da Peregrinação Internacional Aniversária de maio, presidida pelo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.
O prelado, porém, sublinhou que “o Santuário tem uma tradição de capacidade de organização destes eventos, mas este (…), até pela dimensão do tempo, que não será simplesmente uma jornada do Papa, (…) será marcante, sobretudo para pessoas que não poderão deslocar-se a Lisboa [à JMJ]”.
“O que interessa é que, como o Papa diz claramente, o objetivo da sua vinda a Fátima é para vir rezar. Vem rezar com os peregrinos que aqui estiverem, pela Jornada e pelos jovens. É esse o seu objetivo”, acrescentou José Ornelas.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destacou o facto de os símbolos da JMJ – a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani – lembrando “a urgência de atender a um mundo que está em transformação rápida e radical e que precisa de um testemunho de fé e de uma visão nova da humanidade”.
Fátima recebe secretário de Estado do Vaticano a semanas da visita do Papa
Por seu turno, o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, chamou a atenção para “o regresso em força dos peregrinos a pé” nesta peregrinação de 12 e 13 de maio.
“Há um ano, vivemos esta peregrinação internacional já sem restrições significativas por causa da pandemia, mas ainda com alguns cuidados, mas o regresso dos peregrinos a pé não foi assim tão significativo, como se esperava. Aliás, muitas instituições que fazem esse acolhimento dos peregrinos a pé, no ano passado não tinham ainda essas estruturas preparadas. Este ano, é diferente”, disse o sacerdote.
Segundo Carlos Cabecinhas, “como a peregrinação é um fenómeno vivo, é notório que muitos peregrinos vêm a Fátima em virtude das suas disponibilidades e conveniências e cada vez menos por se tratar de um dia 12 ou 13. No entanto, maio e outubro, conservam este caráter de datas significativas, nomeadamente para a afluência de peregrinos a pé“.
“Por outro lado, temos inúmeros grupos estrangeiros, de várias latitudes, e isso também é motivo de alegria. Os números que registámos no final do ano passado e os que temos vindo a registar desde a Páscoa no Santuário de Fátima, são particularmente encorajadores, o que nos faz pensar que este ano podemos regressar a números de antes da pandemia”, acrescentou.
As celebrações que decorrem até sábado em Fátima vão ser presididas pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que já presidira a uma peregrinação em Fátima em outubro de 2016, meses antes da presença naquele santuário do Papa Francisco, para as comemorações do 100.º aniversário das aparições, em maio de 2017, quando canonizou os videntes Francisco e Jacinta Marto.
Pietro Parolin é cardeal desde 12 de janeiro de 2014, tendo recebido a ordenação episcopal das mãos do Papa Bento XVI, em 12 de setembro de 2009, tendo sido nomeado em 31 de agosto de 2013, pelo Papa Francisco, secretário de Estado do Vaticano.
JMJ: símbolos integram peregrinação no Santuário de Fátima esta sexta-feira às 21h00
As cerimónias, que assinalam o 106.º aniversário das aparições na Cova da Iria, poderão registar, segundo as autoridades, um número de peregrinos ao nível do que se verificava antes da pandemia de covid-19. Na quinta-feira, a GNR apontou para uma afluência nos dois dias de peregrinação de entre 250 a 300 mil fiéis.
A peregrinação, cujo tema está ligado ao tema proposto pelo Papa Francisco para a JMJ – “Maria levantou-se e partiu apressadamente” – segue o programa habitual, com início às 21h30, com o terço, seguindo-se a procissão das velas e a celebração da palavra, no altar do recinto.
Antes de se iniciar o terço, os símbolos da JMJ – a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani – descerão até à Capelinha desde o topo norte do recinto e permanecerão no Santuário até ao final da missa internacional, no sábado. Durante a madrugada de sábado, os símbolos estarão na vigília jovem na Basílica de Nossa Senhora do Rosário e, às 02h00, acompanharão a Via-sacra jovem no caminho dos Pastorinhos até ao Calvário Húngaro.
A Peregrinação Internacional Aniversária de maio prossegue no sábado, com a procissão eucarística no recinto de oração às 07h00, seguida do terço às 09h00 e a missa internacional às 10h00.