Uma corrida de ciclismo de uma grande volta como o Giro pode começar de helicóptero e no dia anterior à partida. Como? A etapa 7 terminou com a vitória de Davide Bais (EOLO-Kometa), em Gran Sasso. Para diminuírem o tempo de viagem, alguns ciclistas viajaram para o hotel de helicóptero, o que permitiu um maior tempo de recuperação para a etapa 8 que ligava Terni e Fossombrone (207 quilómetros). Um dos participantes na Volta a Itália que fez o percurso até ao hotel pelo ar foi Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step). A União Ciclista Internacional (UCI) considerou a estratégia utilizada fora da estrada uma injustiça.

Uma fuga de mais de 200 quilómetros para a vitória: Davide Bais ganha no Gran Sasso, João Almeida mantém-se em quarto do Giro

“Trata-se de uma vantagem que vai contra os princípios do fair-play e as disposições regulamentares que asseguram a igualdade de tratamento no transporte das equipas para os seus hotéis. Além disso, o uso de helicóptero por alguns ciclistas para esse fim vai contra o princípio da redução da pegada de carbono”, explicou em comunicado a UCI que revelou que “vai tomar as medidas e sanções necessárias para garantir que tal prática não ocorra no futuro”.

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Quem voou em definitivo para fora do Giro foi Filippo Ganna (INEOS Grenadiers) que contraiu Covid-19 e, por não se sentir em condições, abandonou. Em véspera de novo contrarrelógio, a competição fica sem um dos principais favoritos a vencer.

Para fugir ao contágio, o pelotão começou a partir-se muito cedo na etapa. Começou por se formar um grupo de 35 ciclistas na frente que só se tornou numa fuga efetiva quando Valentin Paret-Peintre (AG2R Citroën), Ben Healy (EF Education-EasyPost), Derek Gee (Israel-PremierTech) e Carlos Verona (Movistar), encorajados pelo que viram Bais fazer na véspera, tentaram colocar-se num lugar vantajoso para ganharem a corrida. Mais tarde, juntou-se Toms Skujiņš (Trek-Segafredo).

No primeiro de dois sprints intermédios, os homens da frente deixaram poucos pontos para os ciclistas interessados na camisola ciclamino. Mesmo assim, Jonathan Milan (Bahrain Victorious), Mads Pedersen (Trek-Segafredo) e Kaden Groves (Alpecin-Deceuninck), os três primeiros entre os velocistas do Giro, ainda conseguiram amealhar para esta classificação específica.

Havia mais interessados na vitória pela etapa. Samuele Battistella (Astana Qazaqstan), François Bidard (Cofidis), Mattia Bais (Eolo-Kometa), Alessandro Tonelli (Green Project-Bardiani CSF-Faizanè), Alessandro Iacchi (Team Corratec-SelleItalia), Filippo Zana (Jayco AlUla), Warren Barguil (Arkéa-Samsic) e Oscar Riesebeek (Alpecin-Deceuninck) iniciaram a perseguição aos cinco primeiros e colaram-se a eles. Com 13 ciclistas na frente, a cerca de cinco minutos do pelotão, começava-se a pensar na abordagem à difícil fase final que incluía duas subidas de quarta categoria e uma de segunda. 

O pelotão aumentou o ritmo com várias equipas a quererem marcar diferenças na geral a cerca de 40 quilómetros do fim. A INEOS Grenadiers era a principal responsável. João Almeida ficou um pouco para trás nesta fase, mas a UAE Team Emirates conseguiu voltar a tomar a dianteira num momento particularmente duro. O camisola rosa, Andreas Leknessund (Team DSM), também estava por ali. No entanto, foi lá na frente que Ben Healy deu espetáculo mal a subida a Cappuccini começou. Ninguém no grupo da frente conseguiu responder ao ataque. Toms Skujiņš, inclusivamente, caiu. Rapidamente o irlandês da EF Education-EasyPost abriu 1’30” de diferença, acabando mesmo por ser o primeiro a cortar a meta. 

Na parte final, a ação aconteceu entre os candidatos à geral. Primoz Roglic atacou e distanciou-se de Remco Evenepoel. Andreas Leknessund conseguiu responder inicialmente para defender a camisola rosa e também Lennard Kamna (BORA-hansgrohe), nono na geral. João Almeida parecia não ter capacidade para acompanhar o esloveno. A verdade é que Roglic não vacilou, ao contrário do que aconteceu com a companhia. Ainda assim, Tao Geoghegan Hart e Geraint Thomas conseguiram chegar junto do homem da Jumbo-Visma, a 4’34” de Ben Healy. O português ficou na companhia de Remco Evenepoel até ao fim.

O desempenho final de Roglic valeu-lhe a subida ao terceiro lugar. Apesar de terem perdido tempo para o esloveno, João Almeida permanece em quarto (40 segundos do líder) e Remco Evenepoel também manteve o segundo posto. Leknessund acabou por conseguir manter a camisola rosa que vai usar no contrarrelógio deste domingo, mesmo tendo terminado a 34 segundos do ciclista da Jumbo-Visma.