Era uma segunda mão de uma meia-final da Liga dos Campeões, com a eliminatória empatada e tudo em aberto para ter a oportunidade de revalidar mais um título europeu. Ou seja, estavam reunidas todas as condições para o que o Real Madrid se superasse, se elevasse e se superiorizasse no seu habitat natural. Contra o Manchester City, porém, o Real Madrid capitulou. E as naturais ondas de choque já começaram a propagar-se.

A goleada sofrida pelos merengues no Etihad tornou-se desde logo uma das piores de sempre do clube na Liga dos Campeões — num lote onde também se inclui o 5-1 com o Benfica nos quartos de final de 1964/65, onde os encarnados acabariam por perder com o Inter na final — e foi o golpe derradeiro de uma semana onde o Real Madrid também viu o Barcelona sagrar-se campeão espanhol quatro anos depois da última vez. Courtois foi mesmo o melhor elemento dos espanhóis, evitando um resultado ainda mais escandaloso com diversas defesas cruciais: e a verdade é que, de acordo com a imprensa inglesa, jogou lesionado.

Carlo Ancelotti foi a cara da desilusão merengue, alternando entre a quase apatia e o autêntico choque junto ao banco de suplentes, e chegou mesmo a ser confrontado por Vinícius logo depois do primeiro golo de Bernardo Silva, que abriu o marcador em Manchester. Se a continuidade do treinador italiano já era uma dúvida, agora torna-se a maior incerteza do universo do Real Madrid: Ancelotti pode optar entre terminar a carreira, aceitar as abordagens da seleção brasileira e deixar o futebol de clubes ou vincar que quer permanecer no Santiago Bernabéu e colocar a decisão nas mãos de Florentino Pérez.

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“Se me sinto questionado? Não, não há dúvidas. Acho que o presidente foi bastante claro há 15 dias. Não há dúvidas”, disse o técnico na conferência de imprensa, recordando o voto de confiança que Pérez lhe deu há cerca de duas semanas, na altura da conquista da Taça do Rei contra o Osasuna. “Nunca entrámos nessa especulação, nem eu nem ele. Não quero falar desse tema, porque esse tema não existe. O Carlo tem contrato por mais uma temporada e estamos encantados com ele”, atirou o presidente merengue, numa declaração que pode ter mais algumas vírgulas e alíneas na sequência da eliminação com estrondo na Liga dos Campeões.

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Para além da manutenção de Carlo Ancelotti, a outra dúvida que paira em Madrid está relacionada com a óbvia e necessária renovação do plantel. Os merengues foram acautelando a obrigatória passagem do tempo com a contratação de jogadores jovens como Tchouaméni e Eduardo Camavinga — nomes que se tornaram ainda mais importantes na sequência da saída de Casemiro no verão –, mas os veteranos Kroos e Modric ainda são titulares indiscutíveis no meio-campo.

Tanto o alemão como o croata terminam contrato no final da temporada, em junho de 2023, e a intenção do Real Madrid é renovar com ambos por pelo menos mais um ano. Há cerca de um mês, o The Athletic garantia que tanto Kroos como Modric iriam ficar no Santiago Bernabéu até junho do próximo ano — ainda que as situações de cada um sejam bastante diferentes. No caso de Kroos, a principal preocupação do alemão é a forma física, tendo dito a Florentino Pérez que só renova se sentir em condições de ter rendimento ao mais alto nível por mais uma época; no caso de Modric, a principal preocupação do croata é o momento certo para terminar a carreira, tendo dito a Florentino Pérez que não pretende aceitar as propostas milionárias que já recebeu da Arábia Saudita e do Qatar, mas nunca excluindo uma reforma nostálgica na Croácia.

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Independentemente das saídas de Kroos e Modric — ainda que o problema se torne muito maior se saírem mesmo –, o Real Madrid terá de movimentar-se no mercado de verão, algo que tem feito de forma cirúrgica e calculista nos últimos anos. Jude Bellingham parece ser o alvo prioritário, numa contratação que encerraria a tal renovação do meio-campo em conjunto com Tchouaméni e Camavinga, mas os merengues também têm sido constantemente associados a Alphonso Davies, o lateral esquerdo canadiano do Bayern Munique.