As notícias de última hora começaram a sair ao início da tarde desta quarta-feira em Portugal, por volta das 10h00 da manhã em Nova Iorque, com a informação de que o príncipe Harry, Meghan Markle e Doria Ragland tinham estado envolvidos numa perseguição de paparazzi na cidade norte-americana. Soaram de imediato sirenes com memórias do acidente fatal de Diana, a princesa de Gales, em Paris há 25 anos.
Contudo a informação era escassa. O alerta partiu de um porta-voz do príncipe que deu conta de uma perseguição automóvel “quase catastrófica” que teria durado perto de duas horas. O trio teve um regresso a casa agitado, com muitos paparazzi a querer uma foto, um taxista que recebeu uma boa gorjeta, a ajuda da polícia e uma passagem por uma esquadra. O que se passou afinal na noite da perseguição de Harry e Meghan?
Um longo regresso a casa com passagem pela esquadra da polícia
Os duques de Sussex e Doria Ragland, a mãe de Meghan, estavam em Nova Iorque para assistirem a uma gala, na qual Meghan foi homenageada e que teve lugar no Ziegfeld Ballroom, um espaço de eventos no centro da cidade. A história desta perseguição, ou se preferirmos, deste regresso a casa agitado, começa depois da cerimónia.
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Os três saíram da festa com seguranças privados por volta das 22h00 (hora local). Os duques de Sussex são um foco de interesse por onde passam e atraem tanto fãs como comunicação social. Não foi por isso de estranhar que uma série de paparazzi estivesse reunido à espera que saíssem do edifício e, quando tal aconteceu, entraram os três num carro de segurança privada.
A ideia era regressarem para o local onde estavam hospedados no Upper East Side, em casa de amigos cuja privacidade queriam manter, por isso andaram de carro pelas ruas de Nova Iorque durante cerca de uma hora e 15 minutos com um veículo da polícia a escoltá-los, com o objetivo de dispersar quem os seguia.
Omid Scobie, biógrafo dos duques de Sussex, disse à BBC que foi “uma perseguição que durou duas horas, uma espécie de jogo de gato e rato com os paparazzi”, depois de falar com a equipa dos duques e com fontes. “Eles estavam desesperados para ver onde eles estavam, desesperados para verem se havia uma after party, desesperados para verem se estavam com os filhos em Nova Iorque… essas fotografias exclusivas valem muito dinheiro.” O jornalista e autor contou que durante o percurso pelas ruas, o carro dos duques “por vezes ficava parado no trânsito rodeado por fotógrafos em bicicletas e em carros atrás deles e depois houve momentos em que as estrada ficou livre e o carro foi até às 80 milhas/hora [quase 130 km/h] para tentar despistar quem os seguia.”
Ao fim de uma hora e um quarto pelas ruas de Manhattan sem conseguir deixar os paparazzi para trás, acabaram por ir para a 19ª esquadra da polícia da cidade (NYPD, New York Police Department), onde ficaram aproximadamente 15 minutos. Terão tido a ajuda das forças de segurança para entrarem num novo carro e afastarem-se daquele quarteirão.
Uma viagem de taxi de 10 minutos com 50 dólares de gorjeta
Os duques, Doria e um segurança apanharam um táxi pelas 23h00 e a viagem terá durado apenas 10 minutos. O condutor, Suchcharn Singh, falou sobre a experiência e conta que estava a circular na Rua 67 quando um segurança o chamou. “Quando dei por mim o príncipe Harry e a sua mulher estavam a entrar no meu táxi. Assim que avançámos um quarteirão ficámos bloqueados por um camião do lixo e, de repente, os paparazzi apareceram e começaram a tirar fotografias.” Singh conta que no momento em que o casal ia dizer para onde se queriam dirigir decidiram pedir ao motorista que desse meia volta e voltasse para a esquadra.
“Eles estavam bastante nervosos”, conta o taxista. Porém diz que a descrição de uma perseguição “catastrófica” é muito “exagerada”. O entrevistador pergunta ao motorista se viu “carros a curvar ou pessoas a bater nos vidros” e este responde que não. “Isso deve ter acontecido antes”. O taxista disse que “Nova Iorque é o sítio mais seguro para se estar”, porque diz que há “esquadras de polícia e polícias em todas as esquinas, por isso não há motivos para ter medo em Nova Iorque”. Apesar da viagem ter sido curta e não terem chegado ao destino, os clientes deixaram uma gorjeta de 50 dólares.
O taxista deixou os passageiros na esquadra pelas 23h30 e eles entraram de novo no SUV negro em que tinham viajado antes e ficaram na esquadra à espera que a polícia bloqueasse o trânsito na zona. Depois seguiram com escolta policial e já sem paparazzi, relata o New York Times segundo fontes da polícia.
Uma história que terminou em segurança
Harry, Meghan e Doria chegaram ao seu destino em segurança. A polícia de Nova Iorque afirmou na quarta-feira, através de um comunicado, que na noite anterior “assistiu a equipa de segurança privada na proteção” de Harry e Meghan, cita o Washington Post. “Havia inúmeros fotógrafos que tornaram o transporte desafiante”, segundo Julian Philips, porta-voz da polícia nova iorquina. “O duque e a duquesa de Sussex chegaram ao seu destino e não houve colisões, feridos ou detenções a reportar.”
“Eu nunca experienciei tanto a vulnerabilidade deles como ontem à noite. Eles estavam muito assustados e abalados”, disse a assessora de imprensa dos duques de Sussex, Ashley Hansen, à SkyNews. Acrescentou ainda que a polícia teve de confrontar os fotógrafos várias vezes e pedir-lhes para se afastarem, contudo “esse pedido não foi respeitado”.
O Mayor de Nova Iorque, Eric Adams, falou sobre o caso ainda esta quarta-feira, numa conferência de imprensa dedicada a outro tema. “No briefing que recebi, [constatei que] dois dos nossos agentes podiam ter ficado feridos.” Lembrou a forma como a mãe do príncipe Harry morreu e afirmou que seria horrível “perder espetadores inocentes numa perseguição como esta” e se “algo lhes acontecesse a eles também”.
Adams disse que “a imprensa, os paparazzi querem sempre a melhor fotografia e a melhor história, mas a segurança deve ter sempre prioridade” e considerou a situação “imprudente e irresponsável”. Adams disse ser difícil acreditar que tenha acontecido uma perseguição em alta velocidade durante duas horas. Adams explica que Nova Iorque é diferente e não se deve conduzir a alta velocidade porque é uma cidade com densidade populacional elevada.
Do lado dos paparazzi, a Blackgrid USA, uma agência que vende fotografias de celebridades reagiu às acusações de perseguição com um comunicado onde esclarece que “que não havia intenção de causar angústia ou magoar, já que a sua única ferramenta são as suas câmaras” e passa a pressão para o lado dos duques. “Um dos quatro SUVs da escolta de segurança do príncipe Harry estava a conduzir de uma maneira que podia ser considerada imprudente”, pode ler-se no site do Entertainment Tonight.
A agência confirmou ter recebido fotografias e vídeos de quatro fotógrafos que cobriram os eventos da noite de terça-feira, três dos quais estavam em carros e um de bicicleta. A Blackgrid explica que os fotógrafos têm a “responsabilidade profissional de cobrir eventos e personalidades mediáticas, incluindo figuras públicas como o príncipe Harry e Meghan Markle”, contudo vão investigar o que se passou. Segundo a agência, “os fotógrafos informaram que sentiram que o casal não esteve em perigo imediato em nenhuma altura”.
No Reino Unido, nem o Palácio de Buckingham nem o Palácio de Kensington se manifestaram oficialmente sobre o sucedido.