Natalie Portman fez dupla com Junon
Não haverá registos de looks falhados de Natalie Portman na passadeira vermelha, mas numa das suas aparições durante este fim de semana, a atriz fez tilintar os alertas da moda mais do que o normal e pôs-nos mesmo a folhear os livros de história. A atriz usou uma reinterpretação do vestido Junon, uma criação do próprio Christian Dior que data de 1949 da coleção outono/inverno. O vestido de Alta Costura original tem uma ampla saia composta por pétalas de tecido em branco adornadas com um denso bordado de lantejoulas em tons de azul, obra de René Begué, um dos maiores nomes da arte do bordado naquela época.
Por esta altura as criações de Alta Costura assumiam quase o estatuto de obras de arte e, por isso, tinham nomes próprios. Nesse ano Dior escolheu inspirar-se na mitologia clássica e surgiram nomes como Venus e Junon. No Junon, o efeito criado pelo bordado lembrava penas de pavão, que era o animal atribuído a Juno, a deusa romana rainha dos deuses e protetora do casamento e da fecundidade. Venus é um vestido da mesma coleção que tem um efeito semelhante de pétalas de tecido bordadas, porém em cinza.
O Junon é uma das obras primas de Christian Dior e foi reinventado por designers que se seguiram ao leme da casa, como por exemplo por John Galliano em 2010. Maria Grazia Chiuri fez uma versão deste vestido para a coleção de Alta Costura primavera/verão 2017, mas com tecido plissado em vez de bordado e chamou-lhe New Junon. Agora recriou o vestido do mestre fundador para Natalie Portman deslumbrar em Cannes. Apesar dos 74 anos que separam os dois vestidos, a Alta Costura mantém-se fiel aos seus padrões e terão sido necessárias 4500 horas de trabalho de bordado e 1600 horas de costura para criar o vestido que vimos este fim de semana, segundo revela a Paris Match.
Dior tinha aberto a sua casa de moda no final de 1946 e feito o seu primeiro desfile em nome próprio em fevereiro do ano seguinte, contudo em 1949 já era consagrado e as suas criações eram chegavam a inúmeras clientes, tanto da Europa, como nos Estados Unidos. Há um exemplar original deste vestido na coleção do Museu Metropolitan de Nova Iorque. Foi dado à instituição em 1953 por Thelma Chrysler, uma dama da alta sociedade nova iorquina que era filha do fabricante de automóveis da marca Chrysler e presidente da Buick Motor Company e casada com Byron C. Foy, um diretor da Chrysler Corporation. A dona do vestido viria a morrer em agosto de 1957 de uma leucemia com 50 e poucos anos. Nas duas últimas décadas de vida foi considerada uma das 10 mulheres mais bem vestidas dos Estados Unidos, segundo conta o New York Times.
Os chinelos de Jennifer Lawrence
A atriz chegou à passadeira vermelha com um vestido de princesa da casa Dior na mesma cor do chão que pisava e dotado de uma saia comprida rodada. O segredo do seu look só foi descoberto já nas escadas que conduzem ao Palácio dos Festivais e quando a atriz levantou o seu vestido deixou ver que usava um par de chinelos pretos. Todos nos lembramos de quando Jennifer Lawrence tropeçou nas escadas dos Óscares a caminho do palco para receber a sua estatueta de Melhor Atriz e, depois desse, foram já vários os sustos com tropeços. A atriz, que desta vez estava no festival na categoria de Produtora do documentário “Bread and Roses”, não quis arriscar e trocou os saltos altos por um calçado bem confortável.
Os sapatos ilusionistas de Isabelle Huppert
A regra de dress code que obrigava as senhoras a usar saltos altos já era, mas o calçado continua a ser tema. Isabelle Huppert que chama sempre a atenção na passadeira vermelha por misturar a sua elegância francesa inata com uma boa dose de irreverência, voltou a dar que falar, desta vez pelo calçado: os sapatos “anatomic heels” da marca Balenciaga. Trata-se de mais uma criação arrojada da casa francesa que consiste em sapatos feitos em pele moldada, que criam o efeito de pé descalço sobre um salto alto. Isabelle Huppert usou uma versão num tom de pele semelhante ao seu, o que, a uma primeira vista, dava a ideia de que estaria descalça. A atriz confiou o look todo à mesma marca e usou um vestido em renda preta, por baixo usou uma peça que a marca chama de “pantabpdysuit”, segundo detalha a Vogue.
E Cate Blanchet descalçou-se
Cate Blanchett subiu ao palco numa festa durante o Festival de Cannes descalça em solidariedade com as mulheres iranianas, relata o jornal Times. A festa foi organizada pela revista Variety e pelos Globos de Ouro e coube à atriz australiana entregar à atriz francesa-iraniana, Zahra Amir Ebrahimi um prémio de artista inovadora. Ebrahimi ganhou o prémio de Melhor Atriz em Cannes em 2022. Teve de deixar o Irão quando estava nos seus vintes porque um vídeo íntimo com o namorado foi posto a circular por um amigo e seria um crime ter sexo antes do casamento. Caso fosse condenada teria de enfrentar chicotadas e uma pena de prisão.
Desde que, em 2018, Kristen Stewart tirou os seus stilettos Louboutin e decidiu caminhar pela passadeira vermelha de Cannes descalça, o calçado tem sido um tema em destaque no que toca à moda deste festival. No entanto, já em 2016 Julia Roberts se tinha atrevido a percorrer a passadeira de pés à mostra. Talvez o calçado seja só uma forma das mulheres deste festival expressarem o seu desagrado pela desigualdade de géneros que ainda existe.
Uma família real entre a aristocracia do cinema
Charlotte Casiraghi já pisou três vezes esta passadeira vermelha. A primeira vez foi logo no primeiro dia do evento e esteve acompanhada pelo marido, Dimitri Rassam, e pela cunhada e mulher do irmão mais novo, Beatrice Borromeo. Os três assistiram ao visionamento do filme “Jeanne du Barry”. Este sábado o casal esteve acompanhado pelas respetivas mães, a princesa Carolina do Mónaco e a atriz Carole Bouquet, para assistirem ao filme “Killers Of The Flower Moon”, de Martin Scorcese. Charlotte Casiraghi voltou à passadeira vermelha do festival este domingo e, como é embaixadora da casa Chanel e, já “desfilou” três looks diferentes da marca neste evento, todos saídos da passerelle.
Beatrice Borromeo anunciou que a produtora que fundou em 2018, a Astrea Film, vai produzir “uma série de filmes e programas de televisão sobre a história do Mónaco, começando pela origem da família Grimaldi”, segundo cita a revista Hola, tudo em parceria com Chapter 2, Pathè e OSP. Vão contar a história da dinastia Grimaldi, que governa o principado há cerca de oito séculos. A primeira produção terá o nome “Parte 1: The Rock” (O Rochedo, como é conhecido o principado) e será dirigida pelos dois filhos da princesa Carolina, Andrea e Pierre Casiraghi e por Beatrice Borromeo. Dimitri Rassam é produtor de cinema e também participará no projeto.