O painel da NASA para o estudo de “fenómenos aéreos não identificados” – mais conhecidos por objetos voadores não identificados (OVNIs) – revelou ter analisado mais de 800 ocorrências desde a sua formação. A revelação foi feita no primeiro encontro público do painel, que esta quarta-feira se reuniu para discutir o tema numa sessão aberta ao público.
O evento durou cerca de 4 horas e contou com a presença dos 16 membros do painel, formado em junho de 2022 e constituído por figuras ligadas a vários campos, desde a física à aviação. Numa sessão aberta a questões do público, os cientistas e técnicos deixaram claro que ainda há muito para aprender. “Se fosse resumir numa frase o que sinto que aprendemos, é que precisamos de dados de alta fidelidade”, referiu o presidente do painel, David Spergel.
A sessão desta quarta-feira antecede a publicação de um relatório sobre as conclusões do primeiro ano de estudos, previsto para o mês de julho. O objetivo, de acordo com a NASA, é combater o estigma em torno do estudo de OVNIs, tantas vezes associados a teorias da conspiração sobre extraterrestres. Karlin Toner, da Administração Federal de Aviação dos EUA, referiu que a organização do painel público “é o primeiro passo para tentar normalizar o estudo de OVNIs”.
Outro dos temas abordados prendeu-se com o assédio e as mensagens de ódio de que os membros foram alvo ao longo do último ano – e contribuem para o desejo de transparência do painel. “O assédio leva apenas a uma maior estigmatização da área dos OVNIs, prejudicando de forma significativa o progresso científico e desencorajando outros de estudar este tema importante”, defendeu a chefe científica da NASA, Nicola Fox.
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Procurando ilustrar a frequência de incidentes envolvendo OVNIs, o painel revelou que no último ano olhou para mais de 800 destas ocorrências. “Recebemos entre 50 e 100 denúncias todos os meses”, sublinhou outro dos membros do painel, Sean Kirkpatrick. No entanto, o próprio revelou que, uma vez investigados “apenas 2 a 5%” destes casos são considerados “anómalos”.
A maior parte, dizem, são facilmente explicados através de falhas nos equipamentos ou ilusões de ótica. Para ilustrar este ponto, Scott Kelly, um antigo astronauta e piloto com décadas de experiência, contou uma história ilustrativa, segundo a qual ele e o co-piloto pensaram ter voado ao lado de um OVNI. “Demos meia volta, fomos vê-lo, e acontece que era o Bart Simpson – um balão”.
Tal não quer dizer que a possibilidade de tecnologia extraterreste esteja, necessariamente, excluída. A vastidão do universo, e o desconhecimento da comunidade científica sobre grande parte dele, leva a que a probabilidade da existência de vida fora da Terra seja aceite pela comunidade científica. No entanto, a NASA mantém que até agora, não foram encontrados quaisquer indícios que apontem para tal. Se um dia forem encontradas provas, David Grinspoon garante: “Partilharemos o que descobrirmos”.
O painel representa o primeiro inquérito do género alguma vez organizado pela agência espacial norte-americana, em torno de um assunto que o governo dos EUA classificou como secreto durante décadas, acessível apenas a pessoal militar e científico.
