Um novo relatório, elaborado por um grupo de 40 cientistas de vários países e publicado na prestigiada revista Nature, vem quantificar pela primeira vez os limites para que cada uma das nove condições que permitem a vida na Terra não sejam colocadas em risco. Sete dos oito limites já foram ultrapassados em todo ou em grandes áreas do planeta, escreve o El País, o que pode colocar em causa a sustentabilidade e a segurança da vida na Terra.

Entre as condições que permitem que a vida na Terra seja segura estão a disponibilidade de água doce, a disponibilidade de águas subterrâneas (aquíferos), os baixos índices de poluição do ar, as áreas naturais ainda no seu estado original, os baixos níveis de fósforo, os baixos níveis de nitrogénio, o ambiente natural e humano em geral e os baixos níveis de poluição climática em geral.

Por exemplo, no que diz respeito à porção do planeta que ainda mantém seu estado original, o relatório aponta para um limite mínimo de 50 a 60%. Contudo, apenas 45% e 50% do planeta ainda se encontra em estado virgem. O aumento continuado dos hectares ocupados por pastos, pecuária, plantações ou outras atividades está alterar grande parte das áreas naturais.

Outro dos limiares quantificados pelos cientistas – e já ultrapassados – é o nível de nutrientes (como o fósforo e o hidrogénio) introduzidos pela atividade humana, nomeadamente através da atividade agrícola. Um excesso desses elementos altera tanto o solo como a água num processo conhecido como eutrofização. Neste caso, os limites definidos pelos cientistas foram já ultrapassados em vastas áreas do planeta. No caso do nitrogénio, os valores já são o dobro do limite.

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Outro dos limites definia que o excesso de extração de recursos hídricos superficiais não deveria atingir mais de 20% do planeta. No entanto, um terço da Terra já está nesta situação, que, afeta, sobretudo, as reservas de água doce.

Também em relação às águas subterrâneos (nomeadamente, os aquíferos), a situação é preocupante. O ritmo de reposição não é respeitado em metade da Terra.

“A Terra está a aquecer mais rápido do que o esperado”

Quanto aos níveis de poluição, os cientistas optaram por utilizar a medida do aumento da temperatura média do planeta desde o período pré-industrial. A temperatura já subiu 1,2 graus, quando o limite definido era 1.

O único limite ainda não ultrapassado é o da poluição do ar. No entanto, este tipo de poluição está acima dos níveis recomendados máximos, em várias regiões do globo, nomeadamente na Ásia.

“Estamos numa zona de perigo para a maioria dos limites do sistema terrestre”, disse, citada pela Euronews, a coautora do estudo Kristie Ebi, professora de clima e saúde pública da Universidade de Washington. “A Terra está realmente muito doente”, alertou também a vice-presidente da Comissão da Terra Joyeeta Gupta, professora de meio ambiente da Universidade de Amesterdão.