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Otávio chegou ao meio e começou a dança do "chora bebé" (a crónica do Sp. Braga-FC Porto)

Este artigo tem mais de 6 meses

Sp. Braga perdeu por falta de comparência uma final a azul e branco que teve Uribe a despedir-se em grande, Galeno a desequilibrar e Otávio a mostrar o porquê de ter sido o melhor da época (0-2).

Otávio esteve no início da jogada do primeiro golo, marcou o segundo e foi o MVP da final da Taça de Portugal
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Otávio esteve no início da jogada do primeiro golo, marcou o segundo e foi o MVP da final da Taça de Portugal

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Otávio esteve no início da jogada do primeiro golo, marcou o segundo e foi o MVP da final da Taça de Portugal

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Para uns não era a salvação, para outros também não era nenhuma coroação. A final da Taça de Portugal ia juntar os dois adversários mais diretos do Benfica na conquista do Campeonato mas com sensações distintas no significado que as classificações finais representavam. Para o FC Porto, o segundo lugar soube a pouco ou nada. Para o Sp. Braga, a terceira posição já era muito a poder representar ainda mais (caso consiga mesmo o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões). Ainda assim, mesmo em planos diferentes à luz do epílogo da Primeira Liga, ambos chegavam no melhor momento da temporada ao encontro que iria fechar as contas de 2022/23 ao mais alto nível. Por isso, uma vitória representava mais do que levantar a taça.

À procura de salvarem a época, Sp. Braga e FC Porto defrontam-se na Final da Taça de Portugal. Equipas chegam ao Jamor

Apesar do segundo lugar no Campeonato, que Sérgio Conceição colocou sempre no discurso como o objetivo principal que não foi atingido, o FC Porto poderia somar a 12.ª vitória consecutiva desde o nulo na Pedreira na Primeira Liga e, pela primeira vez, o terceiro título numa só época desde que o treinador assumiu o comando dos azuis e brancos em 2017 depois da Supertaça e da Taça da Liga. Era pouco? Na ótica do técnico, sim. No entanto, e numa época que confirmou a tendência sim-não-sim-não-sim-não a nível de vitórias no Campeonato em seis anos nos portistas, a perceção final que ficaria era aquela que mais contava, não só para os adeptos mas também para os próprios clubes europeus que voltaram a ativar o interesse em Conceição.

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“Salvação da época? Isso não existe. Podemos acabar a época com três títulos de quatro [em termos nacionais]. Fizemos uma semana boa, sempre dentro da mesma forma e não com brilho ou vontade a mais. Sempre esteve presente. Nesta competição a nossa forma de estar foi sempre a mesma. Esta semana foi o mesmo para estarmos preparados para ganhar. Favoritismo? Cada jogo tem a sua história. É uma final, tem de ficar decidido. É 50/50. A distância entre as equipas é muito menor de há uns anos para trás. A época bateu todos os recordes do Sp. Braga. Esperamos dificuldades frente a uma equipa que fez um excelente campeonato como nós, que fizemos um campeonato muito bom mas não excelente, caso contrário tínhamos ganho”, comentara Sérgio Conceição no lançamento da partida, passando ao lado das notícias que davam conta do interesse de alguns clubes italianos como o Nápoles na contratação para a próxima temporada.

Do lado do Sp. Braga, sobrava a esperança de fechar uma época de viragem com a chave de ouro. Viragem porque o Campeonato garantiu o acesso à terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões tendo em aberto a esperança pelo título até ao jogo da Luz, viragem porque foi uma temporada marcada pela entrada da QSI na SAD com tudo o que isso pode trazer a médio prazo, viragem porque o próprio mercado de inverno mostrou que os minhotos querem subir mais um degrau na aproximação que têm feito aos ditos três “grandes”. E havia mais dados para acalentar essa ambição dos arsenalistas, do histórico favorável em finais com os azuis e brancos desde a derrota em Dublin na final da Liga Europa aos 14 jogos com apenas uma derrota nesta fase.

“Não acho que haja maior importante de vitória para uma ou outra equipa. Ambas as equipas vão lutar com determinação para ganhar. Temos de fazer bem o nosso trabalho para conseguirmos não só juntar mais um objetivo conseguido, porque o terceiro lugar foi um objetivo conseguido, mas também estarmos presentes nas decisões finais das competições. Não nos resta outro caminho do que fechar a época da melhor forma possível. Precisamos de ganhar muitas vezes porque temos mais de 100 anos de historia e só três Taças de Portugal. Temos um ciclo de vida mais curto do que Benfica, Sporting e FC Porto, com mais títulos conquistados e uma história mais longa nesses troféus. Temos uma história que nos catapultou para os lugares de cima há uns anos. É isso que agora queremos continuar a fazer”, destacara também Artur Jorge.

No final, o filme do equilíbrio ficou-se pelas palavras e aquilo que se viu no Jamor foi a melhor versão do FC Porto a defrontar a pior face do Sp. Braga (até em superioridade numérica foi incapaz de mostrar um décimo do que fez ao longo da época no último terço). No entanto, só mesmo na segunda parte houve golos para dar expressão a essa superioridade do primeiro ao último minuto com uma nuance tática que fez toda a diferença no decorrer da partida: ao contrário do que tinha acontecido nos 45 minutos iniciais pelo próprio decorrer da partida, Otávio assumiu muito mais o corredor central dando a Pepê a profundidade pela direita. Uribe, a fazer o último encontro pelos dragões, teve uma exibição monstruosa a meio-campo. Galeno conseguiu ter outra preponderância a desequilibrar após o intervalo. Ainda assim, foi o internacional a surgir com a chave para desbloquear a 19.ª vitória dos azuis e brancos na Taça. Ou, como se falou muito durante a semana pelos festejos do Benfica, foi Otávio que agarrou na batuta para o “chora bebé” de mais um título na semana em que voltou a ser distinguido pelo Goalpoint como o jogador com mais influência da temporada.

Ficha de jogo

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Sp. Braga-FC Porto, 0-2

Final da Taça de Portugal

Estádio Nacional, em Lisboa

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Sp. Braga: Matheus; Victor Gómez (Banza, 70′), Tormena (Pizzi, 74′), Niakaté, Borja (Joe Mendes, 58′); Al Musrati, André Horta (Racic, 58′); Iuri Medeiros (Álvaro Djaló, 58′), Ricardo Horta, Bruma e Abel Ruíz

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Serdar, Paulo Oliveira, Mendes, Castro, Racic, Pizzi, Álvaro Djaló e Banza

Treinador: Artur Jorge

FC Porto: Cláudio Ramos; Pepê, Pepe, Marcano, Wendell; Uribe, Eustáquio (Grujic, 90+3′); Otávio (Gabriel Veron, 90+3′), Galeno (André Franco, 90+3′); Taremi e Evanilson (Toni Martínez, 44′ e Zaidu, 67′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Rodrigo Conceição, Fábio Cardoso, Zaidu, Grujic, André Franco, Gabriel Veron, Danny Loader e Toni Martínez

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: André Horta (53′, p.b.) e Otávio (81′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Otávio (25′), André Horta (28′), Borja (35′), Galeno (60′), Victor Gómez (66′), Rodrigo Conceição (66′), Uribe (72′), Taremi (76′), Pepê (85′) e Bruma (85′); cartão vermelho direto a Wendell (61′) e Niakaté (79′)

O encontro começou com um pequeno susto com a condição física de Abel Ruíz depois de um lance com Pepe mas, entre algumas paragens, ganhou um sentido único durante os dez minutos iniciais que merecia aplausos de Sérgio Conceição e alguns sinais de preocupação por parte de Artur Jorge. Houve um primeiro remate com perigo logo no quarto minuto, com Eustáquio a surgir à entrada da área para tentar o golo em jeito na sequência de uma grande jogada coletiva que passou pelos pés do inevitável Otávio, outro lance no minuto seguinte em que Evanilson aproveitou uma carambola na área dos minhotos após uma boa zona de pressão mais alta e ainda mais um remate de longe de Eustáquio (10′) que Matheus foi travando com maior ou menor aperto mas era o rumo que a partida estava a tomar que fazia agitar os treinadores na área técnica.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sp. Braga-FC Porto em vídeo]

Primeira diferença: enquanto o jogo sem bola dos arsenalistas só muito raramente conseguia condicionar a saída a partir de trás do FC Porto, o Sp. Braga revelava grandes dificuldades em sair dessas zona de pressão até entrar numa área de conforto onde conseguia ter posse mas longe do último terço. Segunda diferença: a verticalidade que os dragões conseguiam dar ao seu jogo ao contrário do que acontecia com os minhotos, que andavam muito à boleia do que Bruma e Ricardo Horta conseguiam ir inventando longe da área contra uma equipa azul e branca que explorava os três corredores e fazia de Eustáquio e Evanilson pontos de referência para chegar à baliza de Matheus. Apesar do maior equilíbrio na posse, só havia FC Porto na altura de chegar à área, com o guarda-redes dos arsenalistas a ter a melhor intervenção de todas após remate de Evanilson na área na sequência de mais uma recuperação adiantada (21′) a seguir a uma tentativa cheia de fé de Uribe a tentar o seu “momento Pote” da final com um chapéu de longe que saiu por cima da trave (17′).

O jogo estava com ritmo alto e era interessante mesmo que nem sempre bem jogado mas foi perdendo essas suas virtudes entre uma série de paragens para assistência médica, protestos e um pouco de descanso extra que deixava o banco do FC Porto descontente por perceber que era o Sp. Braga a sair favorecido com essas quebras. Era assim que os minutos passavam até ao intervalo, com mais dois sustos na área do Sp. Braga (Evanilson apareceu sozinho na área descaído sobre a esquerda mas o remate foi cortado para canto e na sequência da bola parada Uribe cabeceou ao poste mas já havia falta anterior sobre Matheus) e um primeiro remate do Sp. Braga que chegou apenas aos 38′, com Ricardo Horta a entrar bem no espaço entre central e lateral na esquerda para obrigar Cláudio Ramos a defesa apertada. Ainda houve mais um remate de Taremi que saiu ao lado mas o intervalo chegava com o nulo a subsistir apesar do domínio dos dragões.

O descanso seria aproveitado por Sérgio Conceição para acertar detalhes sobretudo na parte ofensiva, tendo em conta a saída por lesão de Evanilson para a entrada de Toni Martínez, e por Artur Jorge para corrigir as falhas que foram permitindo ao FC Porto ter o controlo de um jogo que a determinada altura começou a ser jogado a partir dos bancos mas da pior forma, com muitos protestos por faltas, cartões (para Pepe, Otávio e um segundo para Borja) e paragens que iam quebrando o ritmo do encontro. E as estatísticas até apontavam para um dado menos percetível mas que resumia bem o que se passara na primeira parte: o conjunto minhoto até terminara com mais posse os 45 minutos iniciais (51%-49%) mas os azuis e brancos tinham muito mais remates e cantos, sinal de que sabiam muito melhor o que fazer em posse do que o adversário.

O recomeço trouxe o melhor que as duas equipas podiam apresentar: futebol. Sem queixas, sem protestos, a tentar apenas estar acima do adversário. E bastaram cinco minutos para daí resultar três lances de perigo nas áreas, com Pepê a fazer uma finta a mais na área em vez de rematar depois de um fantástico passe de Otávio (46′), Galeno a aproveitar um corte de Tormena na área para atirar de primeira ao lado (48′) e Borja a fazer pela primeira vez uma jogada de envolvimento aparecendo nas costas de Bruma mas a cruzar com demasiada força quando tinha companheiros na área em boa posição (50′). A par disso, havia uma mudança que fazia toda a diferença: Otávio estava a jogar mais ao meio, dando a profundidade a Pepê. Foi assim que começou a jogada que desfez o nulo, num fantástico passe do internacional português para Galeno que cruzou tenso para o desvio infeliz de André Horta em direção da própria baliza com Taremi por perto (53′).

Artur Jorge não iria demorar a mexer na equipa, quase parecendo que estava a adivinhar o desfecho da boa entrada dos azuis e brancos, e lançou em campo de uma assentada Joe Mendes, Racic e Álvaro Dajló em busca de maior qualidade de jogo pelos corredores laterais e outra dimensão física no meio onde Al Musrati era curto para tanto Otávio (e ao mesmo tempo evitar que Borja, que já tinha amarelo, continuasse a ficar exposto a novo cartão). No entanto, o lance que mudaria a tendência do encontro seria mesmo a expulsão de Wendell após aviso do VAR por uma entrada dura sobre Victor Gómez, que levou Sérgio Conceição a abdicar de Toni Martínez para lançar Zaidu e, mais tarde, Artur Jorge a lançar Banza para o ataque (63′) e Pizzi como derradeira mexida para dar mais criatividade ao meio-campo com o recuo de Al Musrati (75′).

O FC Porto teve forçosamente de encolher a sua equipa e recuar as linhas perante a inferioridade numérica, sendo que o remate mais perigoso (e que não foi tão perigoso quanto isso) pertenceu ao incansável Uribe de fora da área mas ao lado. Os minhotos assumiam o controlo do jogo, tentavam desposicionar a formação azul e branca com variações rápidas mas o máximo que conseguiram foi uma tentativa muito longe de Racic de fora da área (70′). Até com mais um em campo, foi sempre curto. Mesmo muito curto. Ainda mais curto após a época que o Sp. Braga fez. E o FC Porto arrumou a questão em três minutos: Niakaté foi expulso num lance em que os minhotos erraram na saída e Taremi ficaria isolado se não fosse a falta do central (78′) e Otávio apareceu de rompante na área para desviar um cruzamento de Galeno e fazer o 2-0 que não só fechava as contas da final da Taça de Portugal como coroava o elemento que desbloqueou o encontro (81′), entre dois remates perigosos de Banza na área e uma bola na trave de Galeno até ao final da partida.

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