Em agosto, quando a temporada arrancou, todos sabíamos que o Mundial do Qatar ia empurrar todo o calendário para a frente e fazer com que praticamente não existisse uma pausa entre o fim de uma época e o início da seguinte. Ainda assim, não deixava de ser estranho que esta quarta-feira, escassos dias depois da final do Liga dos Campeões, arrancasse a final four da Liga das Nações.

Em Roterdão, no estádio do campeão Feyenoord e a jogar em casa, os Países Baixos recebiam a Croácia e procuravam começar a repetir o feito que Portugal alcançou em 2019 e na edição de estreia da competição: conquistar a Liga das Nações no próprio território. Sabendo que a outra meia-final opunha Espanha e Itália em Twente já esta quinta-feira, as equipas de Ronald Koeman e Zlatko Dalic lutavam pela primeira vaga da final do próximo domingo.

“Estamos muito ansiosos pelo jogo porque é uma meia-final e vamos jogá-la em casa. Temos uma boa equipa e estamos com muita energia para chegar à final. Mas a Croácia é uma equipa muito forte. Têm tido muito sucesso nos últimos anos, vai ser difícil”, explicou Koeman, que substituiu Louis van Gaal depois do Campeonato do Mundo, na antevisão. “Este já é um grande feito, estar entre as quatro melhores seleções da Europa. Aquilo que fizemos na fase de grupos já é um enorme sucesso, mas estamos cá para ganhar uma medalha. Trabalhámos muito para isto e queremos mostrá-lo”, completou Dalic, selecionador croata desde 2017.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O selecionador neerlandês lançava Nathan Aké e Dumfries nas alas, ambos recentemente titulares na final da Liga dos Campeões por Manchester City e Inter Milão, e apostava em Malen, Gakpo e Xavi Simons no ataque, deixando Bergwijn, Weghorst e Wijnaldum no banco e mantendo o indiscutível De Jong no meio-campo. Do outro lado, o treinador da Croácia apostava nos crónicos Modric, Kovacic e Brozovic no setor intermédio, com Perisic a começar o jogo na posição de lateral esquerdo, o avançado do Benfica Petar Musa era suplente.

A primeira parte disputou-se a um ritmo baixo e teve poucas aproximações à baliza, com a Croácia a ter a maioria da posse de bola e a impor um ligeiro ascendente que não tinha qualquer correspondência em oportunidades ou lances perigosos. Os Países Baixos colocaram-se em vantagem já depois da meia-hora, com Malen a atirar cruzado na grande área depois de uma bela jogada coletiva que foi da esquerda para a direita (34′), e foram para o intervalo a vencer pela margem mínima.

A Croácia empatou à passagem dos 10 minutos iniciais da segunda parte, com Kramaric a converter uma grande penalidade cometida por Gakpo sobre Modric (55′), e Ronald Koeman procurou desbloquear o empate à passagem da hora de jogo ao trocar Xavi Simons por Weghorst. O golo, porém, voltou a aparecer na outra baliza: na sequência de um grande trabalho de Ivanusec na esquerda, Pasalic surgiu solto na grande área e atirou de primeira para bater Justin Bijlow (72′), confirmando a superioridade que os croatas iam demonstrando desde o intervalo.

Koeman voltou a mexer depois do golo, lançando Bergwijn, Noa Lang e Wijnaldum, mas os Países Baixos continuavam a mostrar muita dificuldade para chegar perto da baliza de Livakovic e a Croácia ia completando uma segunda parte muito bem conseguida entre organização defensiva e eficácia ofensiva. Gakpo ficou muito perto de empatar já nos descontos, com um pontapé ao lado (90+1′), mas o golo que levaria a meia-final para o prolongamento surgiria já mesmo ao cair do pano e por intermédio de Lang, que aproveitou uma confusão na área para empatar novamente o jogo (90+6′).

Na meia-hora extra, numa altura em que o encontro parecia estar a regressar ao ritmo pouco interessante da primeira parte, Petkovic fez a diferença: o avançado do Dínamo Zagreb pegou na bola na esquerda, puxou para dentro e atirou em jeito de fora de área (98′), desbloqueando novamente o resultado. Já perto do fim, Modric ainda converteu uma nova grande penalidade cometida por Malacia e ofereceu a vitória aos croatas (116′).

Com direito a prolongamento, a Croácia venceu os Países Baixos e apurou-se para a final da Liga das Nações, ficando agora à espera de Itália ou Espanha para saber quem vai defrontar em Roterdão no próximo domingo — numa nova oportunidade para conquistar o primeiro troféu da história do país depois da final perdida no Mundial 2018, contra França. Por outro lado, os neerlandeses capitularam e não vão mesmo repetir o feito português, assistindo de cadeirinha a uma outra seleção a vencer um título no próprio país.