O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou esta quarta-feira o abrandamento da inflação em maio, para os 4%, face aos 5,71% de abril. A isenção de IVA de alguns produtos essenciais teve um impacto de cerca de 0,8 pontos percentuais.
“Esta desaceleração é em parte explicada pelo efeito de base resultante do aumento de preços da eletricidade, do gás e dos produtos alimentares verificado em maio de 2022. A isenção de IVA num conjunto de bens alimentares essenciais também contribuiu para a desaceleração registada em maio, estimando-se um impacto sobre a variação do IPC total de cerca de 0,8 p.p.”, refere o INE.
Já a inflação subjacente (excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) registou uma variação de 5,4% (tinha sido de 6,6% em abril).
A variação do índice relativo aos produtos energéticos diminuiu para -15,5% (-12,7% em abril) e o índice referente aos produtos alimentares não transformados desacelerou para 8,9% (14,1% no mês anterior).
Por classes de despesa, e face ao mês anterior, o INE destaca as diminuições das taxas de variação homóloga dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas (abrandamento para 9,4%) e na habitação (redução de 3,1%). Em sentido oposto, as variações dos preços das classes do lazer, recreação e cultura e dos restaurantes e hotéis aumentaram para 5% e 12,1% respetivamente (4,6% e 11,8% no mês anterior).
A variação mensal do IPC foi -0,7% (0,6% no mês precedente e 1,0% em maio de 2022), enquanto a variação média dos últimos doze meses foi 8,2% (8,6% em abril).
Já o índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), que permite comparações internacionais, fixou-se em 5,4%, menos 1,5 pontos percentuais face ao mês anterior e menos 0,7 pontos em relação ao valor estimado pelo Eurostat para a zona euro.
O INE analisa também a variação homóloga das rendas de habitação por metro quadrado, que foi 4,5% em maio (tinha sido de 4,3% no mês anterior). “Todas as regiões apresentaram variações homólogas positivas das rendas de habitação, tendo a Região Autónoma da Madeira registado o aumento mais intenso (5%)”, sublinha o INE.
IVA zero com impactos na inflação
O INE reconhece que a medida do IVA zero nalguns produtos essenciais teve um impacto no abrandamento da inflação pela primeira vez em maio (a medida só entrou em vigor a 18 de abril, sendo que para o apuramento da inflação desse mês a maioria dos preços foram recolhidos antes da entrada em vigor).
O instituto faz um exercício de “natureza mecânica” para procurar calcular os impactos da medida na inflação, que “consistiu na aplicação da isenção aos preços observados em abril, permitindo assim medir a variação de preços que se verificaria, mantendo tudo o resto constante, se o efeito da isenção de IVA fosse transmitido na sua totalidade no preço cobrado aos consumidores”. Mas frisa que os resultados “não traduzem o efeito efetivo da isenção de IVA” porque os mercados respondem a outro fatores, como a competição, a elasticidade da oferta e da procura, entre outros.
“O resultado deste exercício situa o impacto da isenção de IVA sobre a variação do IPC total de maio em cerca de 0,8 p.p.. No caso da classe dos Bens alimentares e bebidas não alcoólicas, o impacto da isenção de IVA situa-se em cerca de 3,5 p.p.. Recorde-se que a variação mensal apurada em maio para esta classe foi -3,1% e que a medida abrange aproximadamente 40% dos produtos considerados nesta classe”, indica o INE.
No que toca aos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, o instituto calcula que os preços estejam ainda 23% acima do nível médio de preços verificado em 2021. Mas, em relação aos produtos energéticos, os preços de maio estão 5,8% acima do nível médio de 2021 e 15,5% abaixo de maio do ano passado. “Desde que não se verifiquem aumentos de preços significativos nos próximos meses, a variação homóloga deste agregado deverá manter-se negativa, por consequência direta do efeito de base”, antecipa o instituto.