O autocarro 666, que tinha como destino a cidade de Hel, na costa báltica da Polónia, foi substituído para o número 669, após críticas de grupos cristãos, que associam o número ao diabo, havendo mesmo um grupo de católicos que diz que estava a “espalhar o satanismo”. A Bíblia, no seu último livro, Apocalipse (ou Revelação) diz que “o número da besta é o 666”, que alguns católicos interpretam como sendo Satanás. Isso associado à semelhança entre o nome da cidade Hel e a palavra hell (inferno, em inglês) também não ajuda, apesar de a palavra em polaco ser pieklo.

A verdade é que a carreira 666, criada em 2006, é muito usada por turistas para a península com praias de areia branca no norte da Polónia. Inicialmente, a ideia de seguir no 666 para Hel surgia apenas como uma piada local. A brincadeira rapidamente se espalhou por todo o país e estrangeiro, levando a que muitas pessoas se deslocassem de propósito à região para andar no famoso autocarro.

Mas depois de muitas manifestações de desagrado com o número, a empresa rodoviária local, PKS Gdynia anunciou na passada segunda-feira, na rede social Facebook, a mudança do número para o 669 a partir de 24 de junho. No comunicado, a empresa, diz que “este ano estamos a virar o último seis de cabeça para baixo!”.

Segundo o site de notícias local Trojmiasto.pl, a empresa cedeu à pressão de vários grupos cristãos, nomeadamente da Fronda, revista católica conservadora, que desde 2018 tem pedido à rodoviária para repensar as suas políticas e mudar o número da linha sob o argumento de que estava a “espalhar propaganda anti-cristã” e o “satanismo”.

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“Será correto que a empresa PKS Gdynia participe ‘na brincadeira’ e continue a semear este tipo de maldade — uma maldade menor — mas que não pode ser subestimada?”, lê-se na publicação.

Para além dos grupos cristãos, a empresa recebeu ainda ao longo dos anos reclamações, pedidos e até mesmo ameaças de pessoas que viam “conotações demoníacas” na carreira, segundo o Trojmiasto.

No entanto, refere Marcin Szwaczyk, um dos responsáveis da empresa de autocarros, a decisão recente provocou dois lados opostos e, em vez de receberem reclamações e ameaças, recebem agora pedidos para voltarem a numerar a carreira 666.

Até agora, só tínhamos recebido objeções por parte dos opositores. Mas agora, após a decisão de renumenar a carreira, estamos a ouvir o outro lado. Estamos chocados com o número de apoiantes da antiga numeração que nos contactam.”

No entanto, Marcin Szwaczyk não descarta a hipótese de a empresa voltar a colocar o autocarro com três seis em circulação no futuro. “Vamos ouvir as vozes dos passageiros e das pessoas que nos procuram com pedidos”, acrescentou, como indica o site de notícias local polaco.