As eleições municipais em Espanha traduziram-se numa derrota para o PSOE de Pedro Sanchéz, o primeiro-ministro espanhol decidiu convocar eleições legislativas antecipadas e agora arrisca a que os espanhóis venham a ser governados por um governo de direita dividido entre o Partido Popular e o Vox. “Seria uma péssima notícia para a Europa se Espanha seguisse o caminho de um governo do Partido Popular com o Vox”, disse o atual primeiro-ministro, este sábado, em entrevista ao El País.

Com as legislativas marcadas para 23 de julho, Sanchéz opta pelos alertas e por admitir que Espanha entrou “num novo cenário político”: “O PP e o Vox não propõem um projeto político para as maiorias”.

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“Há uma coisa mais perigosa do que o Vox, que é um PP que assume as políticas do Vox. E isto é o que estamos a viver: o negacionismo dos consensos políticos, sociais e científicos”, continuou Pedro Sanchéz, acrescentando que “negar a violência de género não pode ser mais do que retroceder”. E será esta, a violência de género, também uma das suas bandeiras para as próximas eleições, já que a maioria do eleitorado do PSOE é composto por mulheres.

Temos o dever de avisar a sociedade espanhola sobre as graves consequências que pode ter um governo do PP e do Vox.”

Durante a entrevista, e fazendo sempre referências ao crescimento da taxa de emprego e da resposta à crise económica, o primeiro-ministro espanhol falou também do Sumar, o novo grupo político da ala esquerda, liderado por Yolanda Díaz, e de uma possibilidade de coligação, caso seja necessário. “Pode ser, certamente, um governo de coligação mais fácil e mais funcional, porque temos trabalhado de forma leal e eficaz”, explicou.

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“Este é um governo que teve de enfrentar uma pandemia, tivemos de confinar milhões de pessoas para poder protegê-las de um vírus desconhecido. Estávamos a sair da pandemia e, de repente, Putin invade a Ucrânia. E o PSOE continua a manter 28% de apoio. Temos demonstrado que podemos conseguir grandes transformações com paz social. E a direita, o que disse sempre? Que a melhor política social é a criação de emprego. Bom, pois temos criado emprego como nunca e temos feito uma política social como nunca”, acrescentou, mais uma vez, para explicar as diferenças de uma liderança à esquerda e à direita.