O presidente da Câmara de Alcochete afirmou esta quarta-feira que não está surpreendido com a megaoperação de combate ao tráfico de seres humanos a decorrer naquele concelho e defendeu a criação de uma task-force para combater o problema.

Não estou nada surpreendido. Aquilo que eu sempre sugeri foi que o Estado deveria criar uma task-force onde as entidades estivessem todas unidas num só objetivo, que fosse, de facto, encontrar uma solução para este problema, tal como aconteceu, por exemplo, com o processo de vacinação”, disse à agência Lusa Fernando Pinto (PS).

“De uma coisa não tenho dúvidas: todos os dias há um conjunto de crimes ambientais, económicos e de saúde pública, que são cometidos no estuário do Tejo. É um problema que não foi resolvido há quinze anos, quando era pequenino, e que se foi agravando progressivamente ao longo dos anos”, acrescentou o autarca de Alcochete, no distrito de Setúbal.

Fernando Pinto reagiu desta forma a uma megaoperação de combate ao tráfico de seres humanos liderada pela Polícia Marítima, que decorre desde as 8h desta quarta-feira nos concelhos do Montijo e de Alcochete, designadamente na localidade do Samouco, onde todos os dias centenas de mariscadores, muitos deles imigrantes de origem asiática, se dedicam à apanha ilegal de amêijoa.

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Quatro detidos e 243 imigrantes ilegais encontrados em operação de combate ao tráfico de seres humanos em Alcochete

A operação, segundo a estação de televisão CNN, tem a colaboração do Serviço de Informações de Segurança (SIS) e envolve centenas de elementos da Polícia Marítima e Unidade Especial da PSP, bem como inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da Autoridade Tributária.

O presidente da Câmara de Alcochete garante que nada o move contra os mariscadores, que em muitos casos fazem da apanha ilegal de amêijoa no estuário do Tejo o seu ganha-pão, mas reconhece a necessidade de se resolver o problema.

Têm que se criar condições para que esta atividade deixe de ser ilegal, verificar se há possibilidade de se criar essas condições. E se houver, que isso de facto seja desenvolvido, para que as pessoas, legalmente, possam desenvolver essa atividade, devidamente regulamentada”, defendeu.

E que todos estes processos de origem criminosa possam desaparecer, porque nada abonam, não só o concelho de Alcochete, mas também o nosso país, até porque este é um assunto que extravasa já o nosso país e que envolve outros países. Daí as operações que já se têm desenvolvido de forma internacional”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Alcochete.