Foi revelada uma nova gravação de áudio de uma conversa de Donald Trump onde o antigo presidente dos Estados Unidos da América admite ter na sua posse documentos classificados do Pentágono sobre um possível ataque ao Irão.

A gravação, obtida pelo canal norte-americano CNN, é de 21 de julho de 2021, e vem contrariar as afirmações do ex-Presidente que, no início do mês, se declarou inocente dos 37 crimes de que é acusado, relacionados com a retenção ilegal de documentos secretos.

Trump declarou-se inocente das 37 acusações perante juiz. Saiu sem limitações para viajar. Está impedido de falar com testemunhas

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Na gravação percebe-se que Trump está no seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey, a falar com várias pessoas que estão a ajudar Mark Meadows, o seu antigo chefe de gabinete, a escrever um livro, sobre os planos de um ataque do Pentágono.

“São estes os papéis”, diz Donald Trump num momento em que parece estar a segurar nos documentos, que afirma serem “altamente confidenciais”. “Isto foi feito pelos militares e foi entregue a mim”, explica, acrescentando: “Enquanto Presidente eu podia tê-los desclassificado. Agora não posso, vocês sabem, mas isto continua a ser um segredo”.

Durante a conversa, Trump e os presentes fazem ainda referência a Hillary Clinton. “Hillary imprimia isto constantemente, sabem. Os seus e-mails privados“, disse um funcionário de Trump, ao qual o antigo Presidente respondeu: “Não, ela enviaria para Anthony Weiner”, o ex-congressista democrata.

Donald Trump acusado em tribunal por posse indevida de documentos classificados. O que se segue?

A gravação agora revelada é um dos episódios mencionados na acusação de Trump. O procurador especial que liderou as investigações, Jack Smith, alega que os presentes são um escritor, um editor e dois membros da equipa de Trump, a quem o ex-Presidente dos EUA mostrou informações confidenciais. De acordo com a CNN, estas pessoas não tinham autorização de segurança.

Donald Trump tornou-se no primeiro ex-presidente dos EUA a ser acusado criminalmente pela justiça federal. Depois de deixar o cargo que ocupou entre 2017 e 2021, o antigo Presidente terá ordenado que dezenas de caixas com centenas de documentos classificados, incluindo informações sobre segredos nucleares e planos para atacar outros países, cartas, recortes de jornais e fotografias, fossem transferidos da Casa Branca para a sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida.

Donald Trump acusado de 37 crimes no caso dos documentos confidenciais levados da Casa Branca

O ex-Presidente não guardou os documentos de forma segura, espalhando-os entre várias divisões da residência, incluindo uma casa de banho, um quarto e um salão de baile.

A Lei dos Registos Presidenciais de 1978 determina que todos os documentos de um Presidente são propriedade pública e não privada, que pertence ao governo dos EUA. O antigo presidente devia tê-los entregue aos Arquivos Nacionais, que recorreram ao FBI quando, meses depois de Trump deixar o cargo, descobriram que os mesmos não tinham sido devolvidos.