Chama-se Microscopic Handbag (mala microscópica, em português) e é mais pequena do que um grão de sal e suficientemente estreita para passar pelo buraco de uma agulha. Foi vendida esta quarta-feira num leilão online por 63.750 dólares (cerca de 58.522 euros), avançou a CNN.

Quase invisível ao olho humano, a mala verde-amarelado fluorescente de 0,763 milímetros (0.66 x 0.22 x 0.7 mm) é uma criação do coletivo de artistas MSCHF, fundado em Nova Iorque, nos EUA, e foi inspirada no popular design “OnTheGo” da Louis Vuitton. A mala original está disponível, no tamanho real, pelo valor de entre 3.100 e 4.300 dólares (cerca de 2.845 e 3.947 euros).

De acordo com o The New York Times, a peça, feita de resina, foi fabricada através de um processo “polimerização de dois fotões”, uma técnica de impressão 3D utilizada para objetos microscópicos.

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No entanto, ao contrário das malas habituais, esta não é nada funcional — uma vez que, obviamente, não foi pensada para ser usada. Segundo Kevin Wiesner, diretor criativo da MSCHF, a peça surgiu como uma crítica à menor utilidade das malas de luxo, que são cada vez mais pequenas.

“Acho que ‘mala’ é um objeto engraçado, porque vem de algo rigorosamente funcional. Mas tornou-se, basicamente, joalharia”, disse Kevin Wiesner ao jornal The New York Times.

Com a Microscopic Handbag o objetivo da MSCHF foi levar a tendência das malas cada vez mais pequenas ao extremo, retirando toda a sua utilidade e deixando apenas o logótipo da marca. “É a última palavra em miniaturização de malas”, afirmou a empresa num comunicado, citada no mesmo jornal.

A venda foi realizada na Joopiter, a casa de leilões online fundada pelo cantor, compositor e produtor musical norte-americano Pharrell Williams. Para além da mala, estava ainda incluído um microscópio equipado com um ecrã digital. Através deste, a peça pode ser visualizada ao detalhe, sendo percetível a presença da assinatura da Louis Vuitton “LV”.

Apesar de usarem o logótipo da marca francesa, Kevin Wiesner explicou que a MSCHF não pediu autorização à Louis Vuitton para utilizar o desenho. “Nós somos grandes adeptos da escola de ‘pedir perdão, não permissão’”, disse, citado no jornal norte-americano.

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Sobre o cantor, que foi recentemente nomeado diretor criativo das coleções para homem da marca, Kevin Wiesner lembrou o seu gosto por objetos de dimensões estranhas: “Pharrell adora chapéus grandes, então fizemos para ele uma mala incrivelmente pequena.”

Não é a primeira vez que a MSCHF cria peças fora do comum. Ainda este ano, a empresa lançou umas botas de borracha que deram que falar. As Big Red Boots (grandes botas vermelhas, em português) estiveram pelos pés de vários famosos durante a semana da moda de Nova Iorque, que decorreu entre 10 e 15 de fevereiro. Custam 350 dólares (cerca de 328 euros) e parecem saídas de um desenho animado.

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Já em 2021, a empresa juntou-se ao rapper norte-americano Lil Nas X e lançou os polémicos Satan Shoes (sapatilhas de Satanás, em português). Os sapatos eram uns Nike Air Max 97 personalizados com sangue humano na sola e foram lançados 666 pares — uma referência ao número associado ao diabo. Na época, a peça foi criticada e a MSCHF chegou mesmo a ser processada pela Nike, que acabou por retirar a queixa no seguimento de um acordo legal entre as duas partes, na qual a MSCHF aceitou retirar os Satan Shoes do mercado.