O primeiro-ministro indigitado timorense disse esta quinta-feira que escolheu uma “equipa forte” para o próximo Governo, para poder ultrapassar o que considera terem sido cinco anos de estagnação na construção do país e retrocesso na construção do Estado.

“Eu preciso de uma equipa forte. Depois destes cinco anos, o CNRT foi até 31 cadeiras porque a população disse que está farta da estagnação no processo de construção do Estado, um retrocesso até na construção do Estado, e uma estagnação na construção da nação”, afirmou Xanana Gusmão.

“O povo não lutou para ter apenas uma bandeira, lutou a pensar que a independência pode trazer uma vida melhor, desenvolver o país. E para isso é preciso ter uma equipa forte. Tenho a certeza de que esta equipa é forte e vamos incutir todo o espírito de responsabilidade e aquele que demonstrar que não consegue vai para casa”, disse o presidente do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).

Xanana Gusmão falava aos jornalistas depois de se reunir, como primeiro-ministro indigitado, com o chefe de Estado, José Ramos-Horta, a quem entregou a lista com a composição do próximo Governo, até ao momento não revelada publicamente.

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O futuro primeiro-ministro participou na reunião acompanhado pelo secretário-geral do CNRT, Francisco Kalbuadi, e pelos presidente e secretário-geral do Partido Democrático (PD), respetivamente Mariano Assanami Sabino e António da Conceição.

Os dois partidos formam uma maioria de 37 dos 65 lugares do Parlamento Nacional que sustenta o próximo executivo.

O líder do IX Governo, que toma posse no sábado, explicou que os critérios para formação do executivo foram a necessidade, experiência e, acima de tudo, “a vontade de trabalhar” bem para o país, vincando que quem não o fizer “vai para casa”.

“Vou exigir o compromisso de servir, não é só para ser ministro ou vice-ministro. Compromisso de servir. Esse é o critério mais importante, e se não cumprirem vão para casa”, vincou esta quinta-feira.

Questionado sobre pressões sobre o elenco governativo, Xanana Gusmão disse que as pressões foram mais internas, afirmando que os movimentos e outras forças políticas apoiaram o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) porque “queriam mudança”.

“Não recebemos assim tantas pressões e apreciamos muito isso. Vieram para apoiar porque queriam uma mudança e não porque queriam um lugar. Mas é normal que dentro da casa haja perguntas sobre porque é que o meu irmão vai para ali e a minha irmã não”, afirmou.

Ainda que a lista não seja conhecida, fontes partidárias confirmaram à Lusa que uma grande fatia dos membros do Governo já ocupou pastas em anteriores executivos e que outros eram até aqui assessores do Presidente da República.

Relativamente à relação entre o futuro Governo e a Presidência da República, Xanana Gusmão recordou que José Ramos-Horta foi candidato do CNRT e que antecipa uma relação sólida.

“Foi candidato do CNRT para vir repor a constitucionalidade na vida entre instituições. Não é que venha obedecer ao CNRT ou nós a ele, mas as relações são de cooperação para defender o Estado de direito democrático. E no Parlamento também, com certeza”, afirmou.