Duas edições canceladas devido à pandemia, uma edição com apuramento falhado para a fase final, agora o aguardado regresso ao Europeu. A Seleção Nacional Sub-19 teve um caminho imaculado até Malta, voltando às decisões da competição da categoria com três vitórias sem consentir qualquer golo entre Suécia (1-0), Rep. Checa (3-0) e Croácia (3-0) após ter ficado isenta da ronda inicial. Por esses resultados e pelo histórico mais recente na prova, com três finais consecutivas em 2017 (derrota por 2-1 com Inglaterra), 2018 (vitória por 4-3 no prolongamento diante da Itália) e 2019 (derrota por 2-0 frente à Espanha), Portugal surgia como um dos principais favoritos à vitória em 2023. E a estreia com a Polónia teria um peso extra não só por ser o primeiro encontro mas também pelas contas do próprio grupo, que tinha ainda Malta e Itália.

Portugal é campeão da Europa de Sub-19 ao vencer a Itália por 4-3 em final de loucos

“Sentimo-nos muito felizes pois estamos onde queremos estar. Queremos aproveitar esta oportunidade ao máximo para evoluirmos, para marcarmos o futebol nacional, para valorizar os nossos jogadores e para ir à procura da vitória passo a passo. Foram dias muito intensos até este primeiro jogo. Senti a equipa bastante determinada, com capacidade de entendimento da nossa identidade e também muita consciência do rigor e elevada exigência que precisamos para participar nesta competição. Estamos focados e queremos jogar o nosso futebol. Nos últimos dois ou três treinos procurámos dar continuidade ao reforço da nossa identidade e procurámos entender ao máximo detalhe o nosso adversário. Disse aos meus jogadores que tenho um ponto de partida para aquele que será o onze inicial mas que o ponto de chegada só será revelado amanhã [segunda-feira] na palestra antes do jogo”, destacara o técnico Joaquim Milheiro antes do encontro.

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“Já tivemos a oportunidade de enfrentar a Polónia. Esse jogo foi extremamente competitivo e de um nível de exigência máximo. Espero que as coisas aconteçam dentro deste registo. Compete-nos compreender as competências do adversário, nomeadamente na transição ofensiva, nos duelos e na capacidade de defender. Também têm um espírito de grupo muito forte. Lembro que, na Ronda de Elite, contra a Sérvia, estiveram a perder por 2-0 até aos 76′ e depois empataram, garantindo a presença no Europeu. Estes detalhes levam-nos a identificar competência no adversário. Nós, dentro da nossa identidade e vontade de jogar, vamos procurar superar a Polónia e conseguir a vitória”, acrescentou ainda o responsável nacional.

Era neste contexto que surgia o encontro, com muita curiosidade em torno de alguns jogadores nacionais como Hugo Félix, irmão de João Félix, Carlos Borges, avançado do Manchester City que foi eleito o Melhor Jogador da Premier League 2, ou Rodrigo Ribeiro, dianteiro do Sporting que acabou a Youth League como um dos melhores marcadores, sendo que vários nomes como João Neves, Dário Essugo, Youssef Chermiti ou João Muniz, que fazem parte da base desta equipa, não estão em Malta. Mesmo entre essas baixas, Portugal foi fiel à sua forma de jogar e não deu hipóteses à Polónia, dando um passo e meio rumo à qualificalção com Gabriel Brás a ter mais um jogo com grande personalidade, os laterais muito ativos e Hugo Félix a encher o campo para o irmão, João Félix, ver nas pequenas bancadas do Estádio Tony Bezzina, em Paola.

Portugal teve um início de jogo quase perfeito, com uma bola parada a ser aproveitada da melhor forma para tirar a papel químico um lance que já tinha dado golo na qualificação: falta sobre a flecha Carlos Borges na esquerda, livre lateral batido de forma tensa ao segundo poste e desvio de cabeça de Gabriel Brás no meio da defesa à zona dos polacos para inaugurar o marcador (4′). Até à paragem para hidratação não haveria muitas mais oportunidades mas era a Seleção que se sentia bem mais confortável no encontro, definindo como queria as zonas de pressão e tentando sair com bola controlada, utilizando sempre que podia os habituais triângulos lateral-interior-ala para ganhar vantagem nos corredores laterais. Rodrigo Ribeiro, após assistência de Carlos Borges, ainda teve um remate com perigo mas o 1-0 manteve-se até ao intervalo.

Logo no reatamento, Milheiro abdicou de Yanis da Rocha pelo cartão amarelo que já tinha e lançou Nuno Félix para segurar o meio-campo dando maior qualidade de construção nessa primeira fase. Contudo, seria o homónimo, que neste caso não tem ligação familiar, a destacar-se para quebrar o único aspeto que faltava na equipa nacional que era a criação de oportunidades: aproveitando um passe de Gabriel Brás e o movimento interior de Martim Marques, Hugo Félix ficou com espaço para o 1×1 que terminou com um remate de pé esquerdo sem hipóteses para Zych que fez o 2-0 (60′). O encontro ficava de vez sentenciado, com o conjunto polaco a obrigar Gonçalo Ribeiro a duas intervenções mais complicadas quando Portugal já tinha tirado o pé do acelerador nos últimos 15 minutos, a pensar também no próximo jogo com a Itália.