Os partidos têm cinco dias, até ao dia 10 de julho, para apresentarem propostas de alteração ao relatório preliminar que esta quarta-feira criticaram de todas as formas. Desde acusações de “branqueamento” a “embaraço”, passando por uma provocação aos socialistas — “o relatório não é muito diferente do que Galamba ou Costa teriam escrito”, disse o BE –, a oposição prometeu avançar com alterações. Isto exceto a Iniciativa Liberal, que já desistiu do processo e nem sequer acredita que valha a pena trabalhar sobre o documento.

Um pouco por todo o lado, no que toca à oposição, a mesma avaliação: o relatório é parcial e conta a história mais conveniente para o PS — e para António Costa, que tinha prometido tirar conclusões após o inquérito e vê Galamba sair ilibado destas conclusões, notaram vários partidos.

Foi por isso que o PSD analisou o relatório e decidiu classificá-lo como “levezinho”. “Roça a leviandade”, “branqueia” e “apaga” o episódio no Ministério das Infraestuturas e o recurso às secretas, atacou o social-democrata Paulo Moniz, acusando o PS de não ter “resistido à tentação” de escrever um relatório “feito à medida” para que o primeiro-ministro não fosse obrigado a retirar conclusões políticas.

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Na restante direita, o mesmo diagnóstico: para o Chega, que ainda vai tentar propor uma “alteração estrutural” do documento, o relatório parece ter sido escrito pelo Governo e enviado depois ao grupo parlamentar do PS. Aliás, André Ventura considerou mesmo que o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, devia avisar o socialistas de que “isto não é uma brincadeira” nem deve ser um “frete” ou um “embaraço” para o Parlamento.

Já os liberais, que nem sequer vão tentar propor alterações para deixar um sinal — “não participamos em farsas” —  viram no texto um “trabalho meticuloso” para que o primeiro-ministro “não possa retirar nenhuma conclusão política, questionando se não terá havido reuniões preparatórias entre Executivo e PS para escrever o documento. Veredito: o relatório é “uma obra de ficção” feita “contra a realidade, o Parlamento e os portugueses”.

“À medida dos interesses” de Costa e Galamba

À esquerda, mais críticas: Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, sentenciou que o documento mais não é que uma “encenação” para permitir que Costa mantenha Galamba no Governo. Mais: o texto “corta audições e elimina gravações” e parece mesmo ter escrito pelos dois governantes, ironizou — “Não é muito diferente do que Galamba ou Costa teriam escrito. É à medida dos seus interesses”.

Já o PCP também teve críticas a apresentar, mas como é habitual focou-se mais na discussão dos problemas da TAP e menos nos casos mais recentes que envolveram o Governo. O deputado Bruno Dias disse aos jornalistas que o documento, “sem surpresas”, é um texto “desenvolvido para tentar defender e justificar a privatização da TAP”, ignorando e esquecendo o impacto da privatização anterior.

Após a entrega do relatório de Ana Paula Bernardo, a socialista que vários deputados sugeriram dever sentir-se “embaraçada” por este trabalho, os partidos têm agora até ao próximo dia 10 de julho para fazer sugestões de alterações antes de o texto final ser discutido em plenário a 19 de julho.