Fernando Maurício (1933-2003), “figura maior do fado”, é evocado em Lisboa, a partir desta quinta-feira, numa iniciativa que se prolonga até domingo, e prevê a inauguração de um “roteiro mauriciano”, anunciou a junta de freguesia de Santa Maria Maior.

O fadista foi o criador de vários êxitos, entre eles “Fui Dizer Adeus aos Cais”, “Diz-me Mãe” e “Boa Noite Solidão”, tendo sido uma “figura incontornável” do meio fadista, disse à agência Lusa Luís de Castro, da Associação Portuguesa Amigos do Fado (APAF).

“Podendo ter sido senhor de uma extraordinária carreira, pelos seus dotes e aptidões interpretativas, até certo ponto descurou-a, pois não era vaidoso ou materialista”, acrescentou Luís de Castro, seu amigo de infância.

“Foi uma opção do Fernando. Uma opção pela boémia e pela genuinidade fadista”, disse à Lusa a fadista Maria Amélia Proença, que várias vezes partilhou o palco com Maurício, apelidado em vida como “o rei sem coroa”, sendo considerado um dos expoentes deste género musical.

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Esta quinta-feira, às 21h00, na rua da Guia, no bairro lisboeta da Mouraria, realiza-se um “apontamento de fado”, pela Escola de Fado do Mouraria, e é exibido o documentário “Fernando Maurício – O Rei sem Coroa” (2011), de Diogo Varela Silva, que realizou documentários sobre outros fadistas, como Celeste Rodrigues (1923-2018) e Beatriz da Conceição (1939-2015).

Na sexta-feira, às 18h00, no largo de São Miguel, é inaugurado o roteiro “Lisboa Mauriciana”, um “percurso pontuado por fado”, com Jaime Dias, Vítor Miranda e Fernando Jorge acompanhados à guitarra portuguesa por José Manuel Neto, e à viola por Ivan Cardoso.

No sábado, às 11h00, romagem ao Cemitério dos Prazeres, em Campo de Ourique, onde o corpo do fadista está sepultado, e às 18h00, na Casa-Museu Fernando Maurício, na rua João do Outeiro, realiza-se uma tertúlia sob o tema “Fernando Maurício – 20 anos de legado”, com o musicólogo Rui Vieira Nery, Diogo Varela Silva e o músico Jorge Fernando.

No domingo, às 14h00, na rua da Guia, na Mouraria, realiza-se uma sessão de fados junto ao busto do fadista, inaugurado em 2014.

“O fado é o meu bairro” disse Fernando Maurício numa entrevista à Lusa.

Fernando Maurício começou a cantar aos 13 anos, depois de ter ficado classificado em 3.º lugar no concurso João Maria dos Anjos, do antigo Café Latino. Entre os prémios que recebeu contam-se os de Imprensa (1967), Prestígio e Carreira da Casa da Imprensa (1985 e 1986).

Em 2001, foi feito sócio de Mérito da APAF, e recebeu a Medalha da Cidade e a comenda de Bem-Fazer pela Presidência da República.