A Caterham revelou ontem, no Festival de Velocidade de Goodwood, o seu novo Project V, ainda um protótipo, mas prometido já para a 2025. Mais moderno e versátil, dá um salto em frente – ou melhor, dá vários – em relação ao popular Seven, pois não só ganha em habitabilidade como também em potência e emissões, uma vez que troca os motores a combustão por outro eléctrico com 272 cv.

A receita para os Caterham Seven e Super Seven basea-se num desportivo simples e reduzido ao essencial, sem luxos ou grandes concessões ao conforto, apostando antes na capacidade de aceleração e no comportamento eficaz e (muito) divertido. Mas há cada vez mais clientes que torcem o nariz a modelos tão espartanos – este é derivado do Lotus Seven, desenhado em 1957 pelo saudoso e respeitado engenheiro de F1 Colin Chapman, fundador da Lotus –, com apenas dois lugares, rodas a descoberto e, sobretudo, com exclusivamente motores a combustão. Daí que a Caterham tentasse ultrapassar todas estas questões com o Project V.

Continuam a não faltar clientes para o Caterham Seven, com o evidente ar rétro e um chassi leve, largo e muito baixo, que torna o desportivo de dois lugares ágil e divertido de conduzir, especialmente nas versões mais possantes, ele que é oferecido com potências entre 85 cv e 310 cv. Pelo seu lado, o novo Project V visa atrair outro tipo de clientes e praticar outro nível de preço, preparando a marca para o pós 2035 na Europa, ano em que passará a ser proibida a venda de modelos com motores a combustíveis fósseis.

O Project V anuncia 4,23 m de comprimento e apenas 1,23 m de altura, mas oferece uma largura de 1,89 m, o que o torna 9 cm mais largo e 4 cm mais baixo do que o Porsche 718 Cayman. Com formas elegantes e fluídas, pois nos eléctricos a aerodinâmica é mais importante, o futuro Caterham oferece um habitáculo com três ou quatro lugares, sendo a versão normal a primeira, em que quem se senta atrás vai ao meio.

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O motor eléctrico instalado no eixo traseiro debita 272 cv, sendo alimentado por uma bateria com 55 kWh de capacidade. O que não é muito (era necessário conter o peso), mas sempre dá para percorrer 400 km segundo o ciclo de homologação europeia WLTP.

Mas se a potência entusiasma, podemos imaginar o potencial do desportivo quando nos apercebemos que o peso é de apenas 1190 kg, um recorde para este tipo de modelos a bateria. E até entre os desportivos desta bitola com motor a gasolina, uma vez que o Porsche que mencionámos antes acusa 1480 kg quando colocado sobre a balança. Os 4,5 segundos para ir de 0-100 km/h anunciados pelo fabricante – curiosamente o mesmo tempo do 718 Cayman 4.0 GTS com 400 cv –, confirmam que a Caterham continua a usar a mesma receita para dar gozo a quem vai ao volante: potência contida, mas grande capacidade de aceleração à custa de um peso mínimo. E nada ajuda tanto o comportamento de um desportivo como um peso-pluma.

A versão definitiva do Caterham Project V, que entretanto anunciará a denominação definitiva, deverá ficar ligeiramente acima de 80.000 libras no Reino Unido.