Alexandre Fonseca, na primeira pessoa, comenta pela primeira vez a Operação Picoas, no âmbito da qual foi alvo de buscas e que teve como consequência imediata o seu pedido de suspensão de funções no grupo Altice.
Dizendo querer “contribuir para o cabal esclarecimento da verdade, através da minha disponibilidade total para que, o mais rapidamente possível, a mesma seja devidamente apurada e reposta”, Alexandre Fonseca diz ser “completamente alheio ao que tem vindo a ser publicamente veiculado no âmbito do processo em curso”. E, por isso, “irei exigir a clarificação de todos os factos e, assim, proteger a minha integridade, bom nome e o meu currículo publicamente reconhecido e valorizado”.
Os comentários foram feitos através da rede social Linkedin, numa mensagem que termina citando Martin Luther King: “A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar”. Para concluir dizendo que “não abdicarei de dar o meu total contributo e fazer a minha parte, pois, tenho muito orgulho no que construí e desenvolvi na minha vida pessoal, familiar e profissional, nomeadamente, em Portugal e no Grupo Altice”.
Alexandre Fonseca não tinha sido, até segunda-feira, constituído arguido, mas vários órgãos de comunicação social, nomeadamente a CNN Portugal, avançam que o Ministério Público investiga eventuais recebimentos indevidos de vantagem, sendo uma das investigações em curso referente à compra da sua casa a uma empresa de Hernâni Vaz Antunes, um dos arguidos na Operação Picoas e que se encontra detido a aguardar interrogatório.
Na mensagem do Linkedin, Alexandre Fonseca explica ter pedido a suspensão das funções de co-CEO do grupo Altice e de chairman quer em Portugal, quer nos Estados Unidos, assumindo que, com essa decisão, pretende “de forma inequívoca proteger o Grupo Altice e todas as suas marcas em todas as geografias mundiais de um processo que é público onde, aparentemente, são indiciados atos a investigar ocorridos no período em que exerci as funções de presidente executivo da Altice Portugal”. Tal como o grupo já tinha indicado, o pedido de suspensão foi aceite. Alexandre Fonseca diz que essa decisão “auxilia a salvaguarda da prossecução da atividade empresarial da Altice e promove a defesa dos princípios da transparência, da verdade e da colaboração no apuramento dos factos.”
Vários negócios que estão a ser investigados dizem respeito ao período em que Alexandre Fonseca passou a ser presidente da operadora, em 2017.
Há uma teia de empresas com negócios com a Altice que está sob investigação
“O atual contexto exige respostas firmes e concretas pelo que, não hesitei em enfrentar o atual momento com a elevada responsabilidade que ele exige”, diz ainda, pedindo “o cabal esclarecimento da verdade” o “mais rapidamente possível”.
Os interrogatórios dos quatro detidos prosseguem esta terça-feira, com a inquirição a Armando Pereira, fundador da Altice.